Esta é uma história sobre dois corações. Sobre paixão e, também, design. É história de um amor que revolucionou a década de 50 – e continua a reverberar até hoje. Vem pra cá, Charles e Ray Eames! (barulho de palmas)

Nascido em St. Louis, Missouri, Charles Eames era a personificação da mente inquieta e criativa. Arquiteto de formação, ele enxergava o mundo com olhos de quem transforma o comum em extraordinário. Suas mãos sabiam moldar madeira, plástico e metal com a mesma precisão de quem cria projetos delicados. Dono de um estilo único – sim, ele adora suas gravatas borboleta – Charles foi um amante da arte com funcionalidade, sempre buscando a beleza na simplicidade (e no conforto, é claro!).

Vinda de Sacramento, Califórnia, Ray Eames era pura sensibilidade artística. Seu olhar afiado captava a beleza escondida no cotidiano, traduzindo cores e formas com uma precisão poética. Artista com alma, ela estudou pintura e criou uma assinatura única, Ray tinha uma sensibilidade rara, capaz de equilibrar o delicado e o ousado em perfeita harmonia, revelando a beleza sutil do mundo ao seu redor.

Ray começou sua jornada artística como pintora em Nova York, mas tudo mudou quando foi para a Cranbrook Academy of Art em 1940. Lá, conheceu Charles Eames e Eero Saarinen, que estavam criando protótipos de cadeiras para o Concurso de Design Orgânico em Móveis Domésticos do MoMA. Foi ali que tudo começou. Ray mergulhou de cabeça no mundo do design, sendo assistente dos dois, mostrando a eles um olhar mais sensível, vindo da pintura.

Apesar de terem seu projeto bastante elogiado pela crítica, eles não venceram o concurso – mas ganharam outra coisa muito mais valiosa do que um troféu: o coração um do outro! Se casaram no ano seguinte, 1941, e iniciaram uma parceria profissional apaixonada. Ray trouxe seu toque artístico para os projetos de Charles, que já era um cara fora da casinha no melhor dos sentidos. Assim nascia, Charles & Ray Eames.

Os dois seguiram explorando técnicas e materiais foi e aí que entraram numa nova vibe: ver até onde a madeira aguentava! E os resultados foram colhidos bem mais rápido do que esperaram! Para você ter ideia, os dois se tornaram tão queridinhos no design que durante a Segunda Guerra, foram contratados pela Marinha dos EUA para criar soluções funcionais em compensado moldado, como talas e macas.

E foi aí que nasceu a famosa cadeira de compensado moldado, aclamada como “a cadeira do século” pela influente crítica de arquitetura Esther McCoy, colocando o casal no radar global do design. E detalhe: a Herman Miller, Inc. (EUA) e a Vitra Internacional (UE) assumiram a produção dos dois e espalharam os móveis por todo o mundo!

Depois de fazer um pé de meia exportando cadeiras lindas para todo o mundo, no final dos anos 40, Charles e Ray construíram sua própria casa – que é icônica – na Califórnia, e que se tornou referência mundial. Hoje, a casa está no Registro Nacional de Locais Históricos e é um marco nacional oficial dos EUA.

Na mesma época, surgiu uma das filhas preferidas: a queridinha La Chaise, o móvel mais sedutor do mundo.

Pouquíssimos estúdios de design dos últimos 100 anos podem reivindicar tantas inovações e tantas criações influentes quanto a prática que nosso casal empreendeu durante décadas no célebre Eames Office.

Fizeram obras de arte, filmes, designs, pinturas, criações têxteis e parcerias com gente muito incrível tipo Salvador Dali! Ah, fizeram até uma máquina solar que não fazia nada (esse é realmente o nome dela) que acabou sendo um dos primeiros experimentos funcionais demonstrando a potência do sol como gerador de energia.

Em 1978, Charles Eames faleceu de ataque cardíaco durante uma viagem à sua terra natal Missouri, e Ray o seguiu dez anos depois. Na época de sua morte, eles estavam trabalhando no que seria sua última produção em série: o Sofá Eames, produzido em 1984.

Juntos, o nosso casal deixou um legado de revoluções cotidianas e, também, de um amor duradouro e simples. Afinal, tem algo mais vintage do que o amor?