Tomar Coca-Cola nas décadas de 80 e 90 era praticamente um símbolo do lifestyle ocidental, com o final da Guerra Fria o refrigerante representava perfeitamente a ideia de pertencimento à cultura norte-americana. Quem nunca assistiu Pulp Fiction ou De Volta Para o Futuro e desejou segurar a garrafinha de vidro em uma coffee shop?

Hoje, os jovens não buscam mais pelas garrafinhas – a menos que seja zero açúcar – e sim por qualquer coisa com “proteico” estampado no rótulo, sem mesmo considerar a real eficácia no organismo. A lista de palavras que perderam o sentido ganhou mais uma colocada: proteína.
Já está mais que perceptível que uma das maiores tendências do ano é o autocuidado, somado à busca por produtos multifuncionais em todos os segmentos. Ao contrário do que parece, esse comportamento não é uma trend momentânea, na verdade, vem ascendendo ao longo do início da década.
Segundo a Euromonitor, o mercado de nutrição esportiva, que engloba as bebidas proteicas, movimentou R$ 4,36 bilhões em 2023 e deve movimentar R$ 9,57 bilhões, até 2028, com destaque para bebidas prontas com apelo funcional (RTDs). E é sobre elas que falamos aqui.
Promessas rápidas para bater a meta diária de proteína surgiram por todos os lados na internet. O que antes se resumia a shakes, receitas curiosas e pozinhos milagrosos, agora também chega gaseificado às prateleiras.
O que a proteína faz, afinal?
A nutricionista Ketylin Silva explica: “é um dos macronutrientes fundamentais para o funcionamento do nosso corpo, o sistema digestivo as quebra em aminoácidos e esses aminoácidos são utilizados pelo corpo como uma espécie de bloco de construção para a formação da estrutura do corpo como pele, cabelo, ossos e músculos”.
Após o lançamento da polêmica água proteica, o mercado de alimentos e bebidas entendeu o recado a nova geração: performance, regeneração muscular e mais praticidade. De acordo com a Mintel, 53% dos brasileiros que buscam por hábitos saudáveis procuram por opções que promovam mais energia no dia-a-dia.
Para um público cada vez mais ansioso, não resta tempo nem para mastigar, as novas fórmulas proteicas chegaram aos energéticos e podem ser ingeridas em estado líquido. Agora sim, um produto que pode ser consumido em poucos minutos (tempo suficiente para postar um story) e “entrega energia somada a formação do tecido muscular”.

Mas será que os energéticos proteicos realmente fazem diferença? Além de elevar os níveis de cafeína e taurina na corrente sanguínea…
“O energético não ‘cria’ energia, na verdade, ele a ‘pede emprestada’ para o corpo mascarando a fadiga. O principal componente dos energéticos é a cafeína, que atua diretamente no cérebro bloqueando a adenosina (neurotransmissor que sinaliza o cansaço e necessidade do sono ao nosso corpo). Surge então, uma sensação artificial de alerta, foco e energia”, explica Ketylin, que continua:
“Já a taurina é um aminoácido que possuímos em abundância no organismo, embora seja essencial em varias funções, como a muscular, os estudos são inconclusivos sobre seu poder de aumentar a performance em doses presentes nos energéticos”.
A nutricionista conclui que os níveis de proteína dos energéticos ( cerca de 10 a 25 gramas) é tão baixo que se torna dispensável para o corpo, enquanto a absorção de cafeína, taurina e açúcares é bem mais elevada.
No fim, enquanto a proteína vira marketing para uma geração que busca beber performance, uma velha verdade persiste: não existe atalho para a saúde. Apenas informação, cuidado e um descanso que fórmula alguma pode oferecer.

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