Passados alguns dias da estreia de Matthieu Blazy na Chanel durante a semana de moda de Paris, no dia 6 de outubro, pode-se bater o martelo: foi um dia histórico, com uma coleção digna de suspiros, que colocou a marca em destaque novamente. Mas por quê?

Sendo uma das maisons mais tradicionais da alta-costura, com mais de 100 anos de existência, a Chanel teve alguns estilistas importantes a frente de suas criações: a fundadora da casa, Gabrielle Chanel, que comandou tudo até sua morte em 1971, o lendário Karl Lagerfeld, de 1983 a 2019, e a estilista Virginie Viard, que saiu do posto em 2024.

Viard foi estagiária de Lagerfeld e posteriormente virou uma das maiores parceiras do estilista durante os anos na direção criativa da marca. Segundo Karl, Viard era seu “braço direito e esquerdo”, o que tornou natural sua posse à frente da Chanel após a morte dele em 2019.
Apesar da estilista ter sido responsável por um aumento de vendas e de receita da grife, Viard sempre foi muito criticada nas redes sociais por conta de suas coleções. Sua principal estratégia foi dar continuidade ao legado de Karl Lagerfeld, o que lhe gerou acusações de estar produzindo “o mais do mesmo”.

Mas em outubro de 2025, Matthieu estreou e emocionou o público, fez alusões diretas a Gabrielle ‘Coco’ Chanel, e homenageou o amor da vida da fundadora da maison. O desfile se inspirou no hábito conhecido de Coco, que gostava de usar camisas brancas emprestadas de Boy Capel, seu namorado que faleceu em dezembro de 1919.
Capel foi o grande incentivador de Coco, e segundo dizia-se, ele só usava camisas da marca masculina Charvet. Em parceria com Matthieu Blazy e a Chanel, eles fizeram três modelos inspirados nos de Boy Capel que compuseram o desfile na semana de moda de Paris este ano.

Com essa homenagem, o estilista continuou apresentando a coleção, brincando com texturas, volumes e alfaiataria. Apostou em evolução, mas manteve o tradicional, como jaquetas tweed e ternos femininos, com toques românticos, emotivos e táteis, dos anos 20.


Blazy emocionou justamente porque conseguiu um feito brilhante: compor o imaginário tradicional dos amantes da Chanel, com elementos clássicos da marca, mas levar inovação. Ele tentou o meio-termo, sem cair nas mesmas críticas de Viard, que era acusada de seguir uma fórmula a quase 30 anos. Mas também manteve os terninhos, as pérolas e camélias que criam a identidade da marca para os mais tradicionais.

Dessa forma, o designer foi o responsável, por finalmente, depois Karl Lagerfeld, entender a marca e conseguir modernizá-la. Com convidados famosos na plateia, como Bruna Marquezine, Pedro Pascal, Naomi Campbell e Jeff Bezos, a maison chamou a atenção e marcou uma nova era refrescante, que era esperada desde 2019.

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