Se tem um clássico que não perde a capacidade de causar tempestade, esse é Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë. A autora escreveu uma história de amor, obsessão e rancor que atravessa séculos, e agora, com o novo trailer, parece que a obra voltou a levantar poeira — ou melhor, ventos fortes.
A primeira polêmica já começou com a escolha de ator que interpretará Heathcliff. Um homem branco no papel do outsider mais sombrio da literatura inglesa? Muitos fãs questionam (e deveriam mesmo).
No livro, ele é um forasteiro marcado por uma origem que o exclui, e essa tensão é parte do que faz dele tão intenso e irresistível. Assim, suavizar essa camada pode acabar apagando o coração torturado do personagem, além de muitas camadas essenciais da narrativa de Brontë. E muita gente já está comentando sobre seu descontentamento nas redes sociais.

Fonte: CNN Brasil
Se isso não fosse suficiente, o trailer lançado no dia na última quarta-feira trouxe imagens que deram o que falar, como por exemplo a discussão sobre o corset apertadíssimo da protagonista.
Alguns internautas viram essa cena como um aceno à estética histórica, apesar de já ser um tópico polêmico no meio da moda; outros, dizem que é uma romantização do confinamento feminino que o próprio livro critica. Entre memes e debates, a discussão só fez crescer.
Para apimentar ainda mais toda a história, surgiu uma teoria curiosa sobre o filme: o título aparecer em aspas porque, na verdade, o longa talvez nem seja uma adaptação direta do livro. A ideia proposta por alguns usuários do X é que a história seja sobre uma leitora, interpretada por Margot Robbie, tentando viver o romance de Brontë na própria vida — quase uma versão metalinguística do clássico, que mistura obsessão, realidade e ficção. E, precisamos admitir, se isso for verdade, a proposta é ousada e bem provocadora (além de mil vezes melhor do que os fãs já esperavam receber).

Fonte: AdoroCinema
No meu ponto de vista? Não colocaria minha mão no fogo por essa adaptação. Morro dos Ventos Uivantes é indomável e qualquer tentativa de aprisioná-lo em imagens ou diálogos corre risco. Mas, ao mesmo tempo, estou de mente aberta: se o filme conseguir provocar discussão, desafiar expectativas e trazer a história para novos olhares, já vale a pena prestar atenção.
Enquanto a estreia não chega, a sensação é a mesma que o próprio livro desperta: fascínio e desconfiança andando juntos. A realidade é que Heathcliff e Cathy continuam a nos lembrar que algumas tempestades não passam, elas apenas mudam de forma.

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