No comando das grifes Prada e Miu Miu, Miuccia Prada é uma das designers mais conhecidas do mundo. Italiana nascida em 1949 e herdeira do ateliê de artigos de couro, Miuccia consolidou o termo “ugly chic”, misturando moda e política de forma interessante.
Cientista política e ativista feminista que frequentava o Partido Comunista Italiano na juventude, ela herdou a maison criada por seu avô, Mario Prada. Mas foi só em sua primeira coleção que ela encontrou um jeito de transformar o “feio”, criticando sistemas autoritários e adotando um tom disruptivo em suas criações.

Milão, 1988, Miuccia iria desfilar sua primeira coleção outono/inverno prêt-à-porter (ou seja, roupas prontas para vestir) e já começou revolucionando os padrões da época. Nesse período, grifes italianas seguiam outra linha: Versace, por exemplo, apostava em modelagens justas, acessórios dourados e muita sensualidade. Mas a Prada veio na contramão.

Nesse desfile, as roupas foram comportadas, um pouco masculinas, com acessórios militares, como boinas e alusão a uniformes de guerra. Mas foi aí que Miuccia surpreendeu: de forma sutil, mas estratégica, ela subverteu elementos da moda fascista. Por exemplo, fez vestidos com silhuetas tradicionais, mas colocou cores vibrantes como rosa, vermelho e amarelo.



Se baseando em casacos militares, ela remodelou a peça, recortando-o de uma forma que fizesse alusão aos seios femininos. Em outros looks, ela abusou da cor preta, decotes fechados, alfaiataria e comprimentos abaixo do joelho. Ela desviou os valores ultra conservadores e patriarcais, fazendo com que a coleção fosse, de forma proposital, “feia” e sem graça.

Miuccia resumiu suas intenções com essa coleção em uma frase: “uniformes para os marginalizados”. Dessa forma, ela continuou seu trabalho no mundo da moda onde, em 1993, ela abriu a Miu Miu, marca irmã da Prada, nomeada a partir de um apelido carinhoso da juventude, que faz alusão jovialidade, emancipação feminina e modernidade.
A Bolsa Matelassê, cuja costura específica cria um padrão acolchoado, virou uma assinatura da Miu Miu, com design geométrico de losangos. Hoje, a marca é objeto de desejo das fashionistas, mas também uma expressão da moda ousada de Miuccia, que soube colocar suas criações em “prateleiras” certeiras, mas nunca perdendo a sagacidade precisa da crítica disruptiva.

Se hoje podemos afirmar que moda é política, isso se deu também pela estilista que juntou seu ativismo com arte e criticou o luxo usando-o como arma. O “subversivo”, então, se tornou fashion e “cool”, já que hoje Miuccia é uma das figuras mais interessantes do mundo da moda.


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