Agosto surpreendeu os fãs de “Sex and the City”. Depois de três temporadas, o cancelamento do spin-off “And Just Like That” foi confirmado pela HBO, sendo essa a despedida definitiva de Carrie, Charlotte e Miranda. Mas, como o figurino contou a história de amadurecimento do trio principal?
Se nos anos 90 Carrie corria por NYC com seus sapatos Manolo Blahnik e baguettes Fendi, Charlotte com seus looks românticos estilo “Ralph Lauren” e Miranda com terninhos corporativos e tons sóbrios, em 2025, na casa dos 50, as roupas das personagens foram adaptadas para novas tendências.

Molly Rogers e Danny Santiago que foram os figurinistas responsáveis pelo spin-off, apostaram muitas vezes em nostalgia mas também em novas essências. Bolsas transversais, botas de cano médio, saias midi e pantalonas compuseram Carrie nessa fase, mantendo o tom fashionista da protagonista, mas amadurecendo seu jeito de se vestir.

Já no caso de Miranda, as cores vibrantes foram muito incorporadas em looks mais casuais e sexys. Macacões, vestidos longos e estampas geométricas mostraram a preferência da personagem de Cynthia Nixon em se mostrar feminina, mas desafiando os padrões de performance de gênero tradicionais.
Charlotte, por outro lado, se manteve muito bem na sua essência romântica e conservadora. Vestidos floridos, mangas bufantes, estampas de poá e saias rodadas compuseram o guarda-roupa dela, trazendo consistência de estilo mesmo depois de quase 30 anos.

Como forma de explorar novos designers, os figurinistas trouxeram looks de marcas da América do Sul. Carrie, inclusive, usou um vestido assinado pela estilista brasileira Isabela Capeto, mostrando que a moda fora do circuito Europa – Estados Unidos pode sim estar em lugares de destaque.
Mas isso não impediu de forma nenhuma a parceria da série com as grandes maisons. Para isso, por exemplo, Bradshaw apostou no vintage Vivienne Westwood, conhecido como “Cinderella Dress”, look que integra o acervo pessoal da atriz Sarah Jessica Parker arrematado em um leilão de roupas da própria designer britânica.

Sutilmente, é legal criar um paralelo entre a moda transgressora de Westwood e uma das discussões centrais da série: etarismo. Esse é um dos maiores desafios enfrentados pelas personagens, cada uma a sua maneira. Carrie como escritora, Miranda na descoberta de sua sexualidade e Charlotte na maternidade, entre outros.

Sendo assim, é simbólico que a protagonista vista um vestido da estilista Vivienne Westwood, que marcou a moda como instrumento político até a velhice. Depois de quase 30 anos, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York se despediram dos fãs como personagens femininas complexas.
Pode-se dizer, então, que a moda foi usada para quebrar paradigmas e conectar o público com mulheres independentes, sexualmente livres e que, como todas as outras, envelhecem. Mas, nem por isso, deixam de ser quem são.

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