A edição de setembro da Vogue EUA sempre foi a mais aguardada, considerada a “bíblia da moda” por reunir capas emblemáticas, editoriais de impacto e recordes de anúncios publicitários.

Em 2025, no entanto, a capa estrelada pela atriz Emma Stone não despertou a mesma comoção e gerou debate na internet sobre a perda de relevância da revista.

Até o século XX, a edição de setembro era como qualquer outra. Porém, no cenário do pós-guerra, nos anos 50 e 60, o consumo de moda começou a crescer, e setembro passou a concentrar mais editoriais e anúncios, tornando-se a edição mais lucrativa.

Em 1988, quando Anna Wintour assumiu a direção da revista, a edição passou a ser cada vez mais volumosa, atraindo as maiores campanhas do ano.

Reprodução/foto: Divulgação

O auge veio em 2007, com Sienna Miller na capa, quando a revista atingiu 840 páginas e se consolidou como símbolo máximo de influência. Essa edição, inclusive, deu origem ao documentário The September Issue (2009), que revelou os bastidores da revista.

Reprodução/foto: Vogue Magazine

O recorde absoluto veio em 2012, quando Lady Gaga estampou a capa de uma edição histórica com 916 páginas, a maior já publicada.

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Dados divulgados pela Business of Fashion revelam a queda significativa tanto no número de páginas quanto na quantidade de anúncios das últimas dez edições de setembro, evidenciando não apenas uma perda de impacto estético, mas também de relevância comercial.

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Com a ascensão da internet e das redes sociais, muitas marcas passaram a divulgar suas campanhas de forma direta ao público, reduzindo o espaço dedicado à publicidade em revistas como a Vogue.

Mas afinal, por que setembro? É nesse mês que chegam as coleções e campanhas de outono/inverno no hemisfério norte, temporada mais lucrativa da indústria, marcada por tecidos mais caros e produções sofisticadas.

Também é quando acontecem as grandes semanas de moda em Nova York, Londres, Milão e Paris, responsáveis por ditar tendências para o próximo ano.

Givenchy durante a Paris Fashion Week
Foto: REUTERS/Sarah Meyssonnier

Em 2025, a capa com Emma Stone acabou evidenciando essa mudança de cenário. A atriz aparece em um top estruturado da Louis Vuitton e calça jeans básica, com cabelo curto bagunçado, maquiagem discreta, ausência de acessórios e fundo neutro.

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Mesmo trazendo dentro das páginas um editorial diverso, a foto de abertura não transmitiu a grandiosidade esperada para setembro, resultando em uma imagem considerada simples demais para a edição.

Algumas capas marcaram a história da Vogue em setembro justamente por trazerem algo único. Seja pela representatividade, pela ousadia ou pelo impacto cultural.

Como a de 2018 com Beyoncé, registrada como a primeira vez em que um fotógrafo negro, Tyler Mitchell, assinou a edição.

Reprodução/foto: Vogue Magazine

Ou o marco de 1989, quando Naomi Campbell se tornou a primeira mulher negra a estampar a capa mais icônica da revista, consolidando um símbolo de representatividade na moda.

Reprodução/foto: Vogue Magazine

Mas nem todas as capas tiveram esse impacto positivo. A própria de Lady Gaga, apesar do recorde de páginas em 2012, foi acusada de excesso de Photoshop.

Em 2019, a de Taylor Swift foi considerada “simples demais” para setembro, enquanto a de Blake Lively em 2024 foi criticada por ser pouco contemporânea, com estética de pôster de cinema e sem o refinamento que a edição exige.

Vogue Brasil setembro 2025

Enquanto a Vogue EUA levanta questionamentos sobre o impacto de sua edição mais emblemática, a Vogue Brasil surpreendeu ao divulgar nesta segunda-feira (25) a capa de setembro estrelada por Naomi Campbell, fotografada pelo duo Mar+Vin.

Reprodução/foto: @voguebrasil

A modelo marcou presença no evento de lançamento realizado em São Paulo no mesmo dia do anúncio, onde autografou exemplares da edição de colecionador.

“A moda me abriu um mundo onde eu posso fazer a diferença. Eu pude falar sobre diversidade na indústria quando ninguém tinha essa conversa. Modelar foi um veículo, mas conectar pessoas, unir mundos diferentes e criar entretenimento entre eles sempre foi meu chamado”, disse Naomi em entrevista à diretora de conteúdo da Vogue Brasil, Paula Merlo.

Diante disso, fica o questionamento: será que a Vogue realmente perdeu seu impacto ou, fora da bolha americana, as edições de setembro ainda têm muito a dizer sobre moda e cultura?

5 respostas para “Vogue setembro perdeu a magia?”.

  1. Avatar de Vitória Régia Barros Silva
    Vitória Régia Barros Silva

    nossa, que demais!!!

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  2. Avatar de Adilson José Meneghel
    Adilson José Meneghel

    Nossa, quanta informação nesta nova reportagem!

    Amei, e setembro ah setembro!

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  3. não fazia ideia de como setembro era importante para a moda e a sua indústria

    mais uma vez a gente percebe como a arte ( a moda em si ) é alimentada por uma indústria

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  4. Avatar de Henrique Antonioli
    Henrique Antonioli

    Matéria rica, crítica e super atual!

    Trouxe historicidade, contextualização e nacionalidade, fatores essenciais para a discussão da temática. Trabalho impecável!

    Parabéns à escritora.

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  5. Que matéria incrível, nós faz refletir sobre como algo que nos parece tão banal, como o mês de setembro, ainda sim possa ter um impacto tão grande na indústria da moda

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