Pioneira na cena eletrônica, uma das responsáveis pela popularização do techno no Brasil e símbolo de representação feminina na indústria, Eli compartilha com a TheAvantGarde um pouco da sua rotina pré-show e fala sobre estilo.

FOTO: @moalmeida__

O que você acredita que uma track deva ter para tocar as pessoas?

“Uma das coisas mais importantes para você conseguir se conectar com as pessoas e criar esse tipo de sensação é fazer uma boa leitura da pista […] cada pista é movida por uma coisa diferente. O mais legal é ter esse desafio de entender o que a pista gosta e, ao que ela responder melhor, mostrar um pouco de toda a bagagem que eu carrego.

Não dá pra definir muito o que emociona […] o mais legal é você conseguir olhar pras pessoas e criar essa relação com o público de maneira que eles confiem no que você vai fazer e ter essa mútua entrega para criar algo muito bonito juntos.”

E como você sente essa diferença entre o público de outros lugares em comparação a Cuiabá?

“Tenho tido muita sorte em encontrar pistas muito quentes por onde eu passo e também é uma questão do momento que eu estou vivendo, de todo esse amadurecimento como artista. Eu amo tocar em Cuiabá, eu toco há muitos anos aqui.

Já passei por várias fases da cena de Cuiabá e é sempre muito bom porque a galera é muito animada e festeira. Estou muito feliz de fazer a minha estreia no Baguncinha e espero que eu volte outras vezes.”

Qual o seu ritual antes de subir no palco?

“Ainda fico muito nervosa antes de tocar em qualquer show, sempre tento pelo menos estar descansada. Sempre tem mais de um show por final de semana e muitas vezes não consigo descansar bem e, para fazer um bom set, você precisa tentar poupar o físico e a cabeça. Eu sempre tiro um cochilo antes de vir para as apresentações.

Gosto de ficar uns 15 min bem reservados no meu camarim. Se estou com meu time, eles sempre tentam me proteger de alguma maneira para as pessoas não ficarem falando muito comigo, porque eu preciso desse tempinho para me concentrar.”

Foto: Jorge Alexandre | @jorgealexandre 2020 ©

Você é um símbolo representativo como uma mulher que está há tanto tempo na cena eletrônica. Carregar isso te causa algum tipo de pressão?

“Não me sinto pressionada, me sinto motivada a fazer mais coisas. O fato de eu ser mulher e ter tantos espaços importantes e tantas conquistas bem significativas, não só pra mim mas para todas as meninas, sempre acaba me inspirando a querer fazer mais coisas.

A coisa mais legal do meu trabalho é, justamente, poder criar oportunidades e compartilhar essas oportunidades com outras meninas e novos talentos. Talvez, para algumas dessas pessoas, encurtar um pouco o caminho que para mim foi muito longo.

No começo da minha carreira não tive muita ajuda, então quis fazer diferente quando cheguei nesses lugares que são tão difíceis, os grandes festivais e grandes clubes. Poder levar mais gente comigo, de alguma maneira, me fortalece também.

Existia uma coisa meio protecionista, eram poucas oportunidades e cada um fazia seu corre mesmo. Eu entendi, depois de mais de 20 anos, que meu lugar está consolidado e que é muito bom você poder sentir que, de alguma maneira, você teve impacto positivo na vida das pessoas.

Como os seus looks refletem quem você é? Você tem alguém que te veste?

“Geralmente me visto sozinha, mas nos grandes festivais sou muito amiga do Chaouiche, designer de Curitiba, que tem um trabalho maravilhoso. Ele geralmente cria os meus looks para os grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza, Time Warp…

Eu amo moda, sou super consumidora de moda, agora estou viajando bastante e estou aproveitando bastante as viagens para achar algumas peças interessantes. É sempre muito importante para mim estar confortável e, de alguma maneira, a moda é uma super expressão.

Acho que às vezes as pessoas subestimam um pouco, mas a moda é uma baita expressão artística […] ela representa quem você é ou o personagem ou a pessoa pública que você quer ser. De alguma maneira ela também te empodera.

Eu gosto muito de pensar nos meus lookinhos, tem que ser confortável, mas tem que ser sexy. Eu gosto de me sentir bem, isso também ajuda a gente a chegar no palco mais confiante.”

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