Cuiabana, herdeira da primeira empresa de Mato Grosso a abrir franquias, empresa essa que já esteve entre as 1.000 melhores franquias para se ter no Brasil, Julia Assad conta um pouco sobre si e do que torna a BLM tão única.

Foto: Arquivo Pessoal

TAG: Como tudo começou?

Julia: Tudo começou com uma mulher que gostaria de ter seu próprio negócio — minha tia, Carmen Suzano. E o que no início era, até então, uma confecção “de fundo de quintal”, posteriormente, com a entrada de mais uma sócia, logo migrou para o Shopping Três Américas, em sua abertura. BlueMoon era o nosso nome.

TAG: E quem é Julia Assad?

Julia: Bom, sou Julia Assad Antunes, tenho 21 anos e empreendo e invisto na bolsa desde os 14. Trabalhava com design, vendendo pacotes de mídia e cartões de presente e, posteriormente, por estar vendendo bem, meu pai me chamou para trabalhar na BLM. Tenho o maior orgulho de ser a sucessora. Hoje sou quem está à frente do comercial e marketing da BLM e sou vice-presidente do FIEMT Jovens.

Foto: Arquivo Pessoal

TAG: Qual é o DNA da marca?

Julia: O básico. A BLM talvez não seja a marca onde você vá encontrar uma saia plissada ou um look boho chic, mas ela é a sua melhor amiga do dia a dia. Preço e qualidade.

TAG: A BLM tem em mente hoje uma linha mais fashionista?

Julia: Sim, no ano passado tivemos duas grandes coleções. A BLM Style, que são peças femininas voltadas para o trabalho, porque o nosso público nos busca muito para se vestir para o escritório. Para os homens, nós criamos a BLM Tech, que é uma linha pensada com tecidos e modelagem mais tecnológica — uma linha mais esportiva.

TAG: E qual a relação de vocês com a sustentabilidade?

Julia: Hoje temos 5 certificados de sustentabilidade em relação ao nosso tecido de algodão — o que representa 35% do nosso faturamento. Inclusive, grande parte dos nossos produtores hoje é rastreável.

TAG: O que fazem com seus resíduos de fabricação?

Julia: Em uma fabricação de roupas, cerca de 16% do tecido é descartado. Então, há mais de 10 anos, nossa marca trabalha com a Dona Janete no projeto Simaria, onde ela ensina outras pessoas da terceira idade a reaproveitarem esses tecidos, criando artesanato.

Nós também produzimos e doamos gorros para recém-nascidos. No ano passado, doamos mais de 5.000 gorros. Dessa forma, reaproveitamos material de descarte, geramos renda para diversas famílias e ainda promovemos uma ação social.

Foto: Arquivo Pessoal

TAG: Como é ser uma mulher jovem na linha de frente?

Julia: A realidade é que hoje, na indústria, a grande maioria dos lugares é ocupada por homens mais velhos. Mas hoje já se fala de indústria 4.0, inteligência artificial etc. Como essas pessoas vão trazer essas inovações para o setor? Hoje, Mato Grosso é o terceiro maior estado em crescimento no país e somos um dos maiores produtores de algodão no mundo. Inclusive, somos responsáveis pela produção de 80% do algodão no país.

Algodão é produzido para fazer roupa, ou seja, o Brasil olha para Mato Grosso para fazer roupa! E então surge a pergunta: esse algodão todo está nas mãos de quem? (risos)

TAG: Boa pergunta, está nas mãos de quem?

Julia: 80% do algodão de Mato Grosso nem sequer fica aqui. São dois os problemas. O primeiro é que não há indústria de tecelagem no Brasil, então ele precisa ser enviado para a China. O segundo é que Mato Grosso não arrecada tão bem com essa matéria; o estado ganha mais com serviços do que com o agro.

TAG: E é pesada a barra de ser a sucessora de uma grande empresa?

Julia: No Brasil, hoje, 70% das empresas morrem antes dos três primeiros anos. 50% dos empresários acima dos 60 anos têm dificuldades de fazer a sucessão de suas empresas. Eu, como segunda geração, carrego um certo legado de manter uma empresa que minha família construiu durante uma vida inteira.

Foto: Arquivo Pessoal

TAG: É um peso bem leve, não é? (risos)

Julia: Bem leve — (risos) — algum erro despercebido e 22 lojas podem quebrar.

Além de tudo, minha grande preocupação com a empresa é fazê-la crescer, o que é um grande desafio em uma era de concorrentes como Shein e Shopee.

Deixe um comentário