Atemporais e imortais em sua influência mundial, as irmãs Kardashian cresceram na indústria de uma forma peculiar. Kim Kardashian, começou sua carreira como apenas amiga e assistente da Paris Hilton, mas inseriu o nome de sua família para o mundo a partir de uma sex tape vazada por seu então namorado. Apesar de ter iniciado sua carreira com o pé direito na cultura de subcelebridade – termo que se refere a pessoas que atingem a fama, a partir de uma exposição pessoal, sem necessariamente ter um talento ou profissão- e ter permanecido por muito tempo através do seu reality show, Kim conseguiu fazer o que muitos duvidavam: criou um império que permanecerá invicto, pois mais de 500 milhões de pessoas acompanham as figuras do clã.

Seu sobrenome se tornou uma referência da cultura de marketing e empreendedorismo. Mas por que Virginia Fonseca e Carlinhos Maia – que também começaram de forma um pouco peculiar e comandam diversos negócios – não embarcaram no mesmo avião de luxo onde as irmãs Kardashian estão sentadas e comandam?

Virginia Fonseca ficou conhecida por sua trajetória no Youtube e, posteriormente, nas redes sociais, compartilhando conteúdos de lifestyle, maternidade e vida em família. Já Carlinhos Maia viralizou ao compartilhar vídeos no Instagram mostrando seu dia a dia e o das pessoas ao seu redor, especialmente em sua antiga comunidade no interior de Alagoas. Ambos se inseriram nas mídias através da exposição e permanecerem constantes por esse mesmo motivo.

Hoje, Virginia acumula 52.6 milhões de seguidores, que acompanham sua vida de luxo com suas duas filhas – Maria Alice e Maria Flor-, seu marido e sua centena de empregados. Carlinhos, com 35.8 milhões, criou o famoso – e talvez duvidoso- reality show “Rancho do Maia”, onde filma os influenciadores convidados, que prezam e anseiam por esse convite para se inserirem ainda mais nessa cultura de subcelebridade pautada pela exposição extrema de conflitos, situações amorosas e casas de aposta.

O império no qual Virginia e Carlinhos estão sentados envolve até mesmo CPI das Bets, criada para apurar ilegalidade nos jogos de apostas que divulgam nas suas redes sociais e sua influência, especialmente sobre públicos vulneráveis. Apesar de ambos serem empresários e influenciarem milhares de pessoas a persuadirem o mesmo estilo de vida, a cultura de subcelebridade é digna de significância para suas vivências.

Kim Kardashian mudou sua trajetória de apenas “influenciadora rica” casada com o polêmico rapper Kanye West. Hoje, concluiu sua faculdade de direito, ajudou a reduzir sentenças e evitar pena de morte no sistema judiciário norte-americano, apresentou uma palestra sobre negócios em Harvard -especificamente sobre sua marca Skims, uma das maiores grifes de lingerie dos Estados Unidos-, tudo isso passando por um divórcio conturbado exposto pela mídia.

O clã fez o impensável numa sociedade obcecada por estigmas, conseguiu mudar o pensamento atrelado ao seu sobrenome, a partir de suas conquistas profissionais e do empreendedorismo feminino.

Virginia usufrui da imagem de suas duas filhas – o que o Brasil ama e se apega- para manter sua notoriedade na indústria. Criou uma loja de fragrâncias, chamada WePink, mas ainda apela para um moletom com a estampa da Maria Flor, sua garrafinha rosa da sua marca e utiliza do seu bordão “bora para cima”, o sinônimo de controvérsia, mas interessante e muitas vezes, até inspirador para seu público. Carlinhos, apela para “farra” e brigas em seu rancho, mas sempre deixando seus seguidores pedindo por mais.  

A diferença notável das Kardashians para Virginia Fonseca e Carlinhos Maia, baseia-se na ideia de que o clã norte-americano conseguiu reverter a imagem antes vinculada a elas. A família ditou das polêmicas que antes as envolviam e hoje fazem um mousse muito doce, se tornando um dos maiores nomes da indústria norte-americana, seja no empreendedorismo ou na cultura pop.

Personalidade on-line como Fonseca e Maia têm em suas mãos os mecanismos necessários até mesmo para moldar uma grande parcela da sociedade. O influenciador digital utiliza de plataformas digitais para criar conteúdo e interagir com seus seguidores, com o objetivo de influenciar opiniões, comportamentos e até decisões de compra. No entanto, Virginia e Carlinhos ainda não conseguiram reverter o estigma associado as suas imagens de subcelebridade, pois continuam afirmando e temperando as polêmicas que os envolvem. As Kardashians e seu empreendedorismo feminino permanecem blindadas e invictas, enquanto comandam o avião de luxo que seu império construiu.