O vestido amarelo de Andie Anderson em “Como perder um homem em 10 dias”; Becky Bloom e sua echarpe verde contra o mundo com seu tórrido caso de amor com um homem de finanças; Jenna Rink despertando em 2004 com 30 anos, mas seu “eu” ainda com 13 anos presa num armário em sua festa de aniversário; Bridget Jones com seu Mr. Darcy na Inglaterra enfrentando as nuances dos trinta… Sente saudade disso, não sente? Das comédias românticas do início dos anos 2000, com protagonistas jornalistas, escritoras, editoras com um apartamento minúsculo em uma cidade grande que possivelmente poderia engoli-las, mas que traz o sonho delas através de uma grande promoção de emprego e um amor avassalador no final do filme.
Em um mundo de Barraca do Beijo e Através da Minha Janela, perdemos a esperança do básico que funciona no entretenimento hollywoodiano, mas calma, elas estão voltando!
Apesar de que “Todos menos você” com Sydney Sweeney e Glen Powell ter tentado se aproximar do que um dia Hollywood já produziu – e até que conseguiu com o efeito de Unwritten de Natasha Bedingfield no TikTok- ainda faltou aquele desejo de pertencer que as comédias românticas emanavam sobre os espectadores. O desejo ser uma mulher da área de comunicação que encontra amor nos lugares mais inusitados de uma New York mais inusitada ainda. E ainda que esses filmes sejam quase que utopia inalcançável, a ânsia de apenas consumir um filme em que se idealiza o amor romântico em 2025, existe. E, pelo que parece, Dakota Johnson, em um triângulo amoroso com Chris Evans e Pedro Pascal, trouxe de volta o sentimento de “sou apenas uma garota corporativa aos 30 anos”.
Em “Amores Materialistas”, que será lançado em 31 de julho, acompanha uma casamenteira de Nova York, interpretada por Dakota Johnson, que se envolve em um triângulo amoroso com seu ex-namorado (Chris Evans), um aspirante a ator que trabalha como garçom, e um novo pretendente rico (Pedro Pascal). Essa produção chega em um momento certeiro, principalmente agora com sucesso estrondoso de Pascal, que está em diversos lançamentos ao longo do ano. Mas o que de fato fez com que Hollywood parasse de produzir comédias românticas desse tipo e que agora, apelassem até para os novos “Matthew McConaughey”?

A geração Z, que em sua maioria consomem comédias românticas, é formada por mulheres que não idealizam o amor romântico como antigamente. Por exemplo, em Sex and The City, apesar de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha possuírem personalidade completamente diferentes, todas idealizavam o casamento e o amor romântico, mesmo que de forma sutil. Miranda, era apresentada como uma mulher séria, do mundo corporativo e que não procurava relacionamentos de forma tradicional, mas, no fundo ainda se via casada e com filhos. Essa era a mentalidade pautada pelo universo feminino, em uma época que o amor era o centro de desejo de uma mulher dos 20 aos seus 30 anos.
O plot de “mocinha que busca amor a qualquer custo”, cujo papel era ser escolhida e amada por um homem, como em “Ele não está tão a fim de você” e “Uma linda mulher”, soa ultrapassado ao olhar de mulheres que acreditam que sejam muito mais do que isso. A idealização de um relacionamento perfeito não é suficiente em um universo feminino que pode ser muito mais amplo do que era dito e colocado nesses filmes. A procura por ser uma Andie Anderson, que busca ser uma jornalista mais séria, a ambição de Becky Bloom e coragem de Jenna Rink entrelaça ao ato de ser desejada igual a Dakota Johnson, é o que a geração Z feminina preza e ânsia.
Apesar de Hollywood ter deixado de amar as comédias românticas por um tempo e ter focado em filmes de alto orçamento ou até mesmo romances adolescentes água com açúcar da Netflix, o que um dia as comédias românticas já foram, está submergindo aos poucos. Com um toque de sutileza da independência feminina atrelada a um amor avassalador com um pequeno apartamento em uma cidade que pode engoli-las por inteira.

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