Mesmo sem uma previsão de estreia para seu novo diretor, Demna, Gucci desfilou nesta quarta-feira (15) sua coleção cruise. Sem uma direção certa a seguir, a saída foi olhar para seu arquivo centenário, literalmente. O desfile aconteceu no arquivo histórico da marca, o Palazzo Settimanni em Florença, ocupando também as ruas ao redor.

Francesca Bellettini, vice-presidente executiva da Kering (holding da marca), menciona que “Com profundas raízes florentinas, a Gucci sempre se fortaleceu com uma tradição de excelência artesanal e riqueza cultural. Hoje, honramos a criatividade, o artesanato e a herança por meio de um esforço coletivo que reflete a profundidade e a resiliência da nossa marca.”

E foi exatamente isso que o desfile fez: sem alarde, celebrou os diversos designers que já passaram pela Gucci. Apareceram as leggings cravejadas de cristais, resquício de Sabato De Sarno, os casacos peludos e os vestidos sensuais e brilhantes à la Tom Ford, além de trazer pistas do que pode vir com Demna, como as jaquetas oversized com ombros marcados e estrutura rígida.

Essas silhuetas robustas se destacaram na coleção, assim como as blusas de seda com drapeados volumosos, camisas de renda e vestidos transparentes adornados com plumas exuberantes. As peles e penas, tendências desde a temporada passada, não ficaram restritas a casacos e golas: surgiram também em sapatos que cruzaram a passarela com teatralidade.

Mesmo em meio ao desejo da marca de se distanciar da logo-mania e flertar com a estética clean girl, os imponentes “GG” ainda marcaram presença. Estamparam jaquetas, saias, bolsas e apareceram em diferentes cores e variações. Em outros momentos, o branding surgiu mais sutil, como no redesign do clássico cinto da casa, agora com um único “G”.

Sabendo ou não o que vem por aí, a maison optou por mostrar a todos o que já fez de melhor. Retomando o passado, a marca mostra que tem tradição e coesão. Mesmo após temporadas de queda nas vendas, o time interno se agarra ao palpável na espera de melhores dias.