Aquilo que você conhece pelo teatro, esqueça, e venha conhecer o Grupo Experimental Ejè de Teatro no Cineteatro de Cuiabá. O espetáculo Sujas desconstrói o teatro tradicional e propõe algo mais urgente: uma experiência viva, íntima e atravessadora. O público não está diante de uma cena, mas dentro dela.
Nada de cortinas ou distância. Em Sujas, o espectador se vê imerso em um ambiente onde a quarta parede é rompida desde o primeiro instante. A peça se aproxima de todos. E essa aproximação não é apenas estética, é visceral. É uma provocação direta ao corpo, à escuta e à memória de quem entra.
A dramaturgia performativa, criada a partir de vivências reais, tem como eixo as experiências de mulheres que sofreram abusos e violências — físicas, psicológicas, simbólicas — e que carregam essas marcas até hoje. Ao dar voz a essas histórias, Sujas rompe o silêncio e transforma a dor em presença política e poética.
Sujas vai revelar a potencialidade de estar no espaço e se relacionar com ele. Maré, uma das protagonistas e também envolvida na dramaturgia, reforça:
“Então, tem várias potências, a potência da dor, a potência de acreditar no que a gente está fazendo porque é muito nosso, de eu acreditar o que eu estou fazendo porque é muito meu (…) E também é muito, muito potente na conexão que a gente cria com o público e entre nós também, justamente por ser algo tão nosso e tão do nosso íntimo.
Sujas não é só um espetáculo. É um grito coletivo. Um rito de passagem. Um espaço de escuta onde feridas se expõem e se curam em voz alta. Tem a potência da dor, mas também a potência de acreditar. A atriz Ianca, traz a dimensão política e afetiva da obra:
“Ser uma mulher que já sofreu violência, apresentar e representar em cena, pois se trata de uma peça perfomativa, me faz sentir com uma missão de dizer para todas as outras mulheres que elas não estão sozinhas (…) Que podemos nos unir para transformar essa sociedade cada vez mais.

Sujas é um chamado. Um ato de coragem que ecoa para além do palco e atravessa todos os corpos que se permitem escutar. Não importa o gênero, a cor, a classe: essa peça é para quem tem coragem de olhar para feridas abertas e reconhecer que elas ainda sangram.
Exibida durante o mês de maio, período marcado pelo mês de conscientização e campanha nacional contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, Sujas toca em feridas urgentes. E para Zaiden, o diretor da peça, a aposta é em uma linguagem performativa e coletiva, onde o texto nasce do corpo, da escuta e da partilha entre as atrizes.
“E o que eu posso dizer, assim, para que as pessoas possam assistir a peça nos próximos dias, é que é uma peça poderosa, que você sai da peça, mas a peça não sai de você. Sujas é um lugar de renovação e um lugar de questionamento, então a peça é uma peça que reverbera durante muito, muito tempo na mente e no coração”
É uma peça de teatro em que você entra de uma forma e vai sair completamente diferente da forma que você entrou. É animada e difícil de lidar ao mesmo tempo. É feita de vivências, de dentro para fora e de fora para dentro.
A peça será apresentada nos dias 09 e 10 de maio, às 20h, no Cine Teatro Cuiabá, sala Anderson Flores. Os ingressos custam R$15 (meia) e R$30 (inteira).
Ficha Técnica
Atuação: Cléo Oliveira, Ianca Santos, Maré e Guto Tavares
Direção: Rodrigo Zaiden
Dramaturgia: Maré
Cenário e Figurino: Tamii Gondo
Iluminação: Vitor Falcão
Música Cênica: Ju Grisolia
Produção: Ebun Bejide, Maré e Rodrigo Zaiden
Sinopse: Fernanda Araújo


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