Na quarta-feira (09/04), pós-chuva em São Paulo, todos os olhares da São Paulo Fashion Week se voltaram para a À La Garçonne, sob a batuta criativa de Fábio Souza.

Após um retorno marcante à passarela com uma alfaiataria monocromática de precisão relaxada, a grife avança em sua trajetória, apresentando uma coleção que dialoga com o DNA da marca, infundindo-o com uma visão contemporânea e consciente. O resultado? Uma leitura sofisticada do vestuário, onde a impecabilidade do corte encontra a fluidez de silhuetas pensadas para o momento atual.



A alfaiataria, que é a base da apresentação, surge com volumes estratégicos. Calças de amplitude calculada e paletós estruturados exibem ombros que ecoam uma assertividade elegante, sem resvalar no formalismo excessivo. QUEM VIVE DE FORMALIDADES HOJE EM DIA?
Essa dualidade entre o rigor sartorial e o espírito despojado já havia sinalizado uma nova era para a À La Garçonne na temporada anterior. Agora, essa linguagem se aprofunda, revelando camadas de experimentação e um olhar atento às nuances do vestir para além da roupa.
Fábio faz uma inteligente exploração do jeanswear, bem longe da leitura trivial, e o denim ganha contornos de alfaiataria madura. Cada peça, concebida a partir de tecidos preexistentes, atesta um compromisso com a circularidade, elevando a matéria-prima a um novo patamar de sofisticação. Se existe é porque é bom! Essa abordagem ecoa uma sensibilidade contemporânea, onde a responsabilidade ambiental se entrelaça com a estética refinada. Um show dos bastidores que merece a primeira fila e todas as fotos.



A paleta de cores, antes centrada no monocromático, ganha a vibração controlada de um espectro de xadrezes. Em um exercício de virtuosismo têxtil, a estamparia surge em múltiplas escalas, desde o padrão mais delicado até o maxi xadrez multicolorido, criando um ritmo visual envolvente. Essa orquestra na passarela explora infinitas possibilidades.
Para o universo feminino, a marca propõe vestidos longos que esculpem a silhueta na cintura, equilibrando fluidez e estrutura. Já para o masculino, a proposta se expande para um guarda-roupa casual e esportivo com forte identidade. Jaquetas, bermudas e moletons, construídos com as mesmas faixas de tecidos xadrez que permeiam a coleção, demonstram uma versatilidade estilística que atende às demandas do homem da geração atual.



Em sua totalidade, a coleção apresentada reforça o novo posicionamento da etiqueta nesta edição da SPFW. Ela demonstra uma clareza de propósito em construir um estilo autêntico e comercialmente estratégico. A habilidade de Fábio Souza em traduzir referências clássicas em peças desejáveis é o ponto necessário para a marca seguir.

Com uma narrativa visual coesa e uma execução impecável, a À La Garçonne trouxe as tendências, mas propôs um novo olhar sobre o vestir. A alfaiataria reimaginada, o upcycling elevado à arte e a inteligente manipulação de estampas confirmam a maturidade e a visão estratégica de uma marca que soube se reinventar sem perder sua essência, tecendo um futuro promissor para encarar o fronte da moda nacional.

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