Em 14 de janeiro de 2025, o Instagram retirou os filtros de realidade aumentada — aqueles que modificam significativamente a aparência e alteram o aspecto das fotos. A decisão foi motivada por questões financeiras, como consequência do encerramento das atividades da Meta Spark, plataforma utilizada para a criação desses filtros.

Meses se passaram desde então, mas a mudança levantou debates sobre autoimagem e o uso de filtros no meio digital, além das discussões intermináveis sobre inseguranças disseminadas em aplicativos como o TikTok.
Hip dips, strawberry legs e outros termos surgem semanalmente para engajar comunidades ao redor de “problemas” que, na realidade, não existem. Esse ciclo constante contribui para transtornos como a dismorfia corporal e mina a autoestima dos usuários, especialmente de garotas mais jovens.
Seguindo essa lógica, a trend da semana envolve um filtro que mostra como o corpo ficaria se fosse mais magro. O que, para alguns, pode parecer uma forma de motivação, para outros é apenas mais um reflexo da obsessão com a própria aparência — especialmente quando levamos em conta o crescimento de comunidades que romantizam transtornos alimentares na internet.
Esse culto à autoimagem também se reflete fora das telas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de cirurgias estéticas no Brasil aumentou drasticamente, passando de 459 mil entre 2007 e 2008 para 1.306.962 procedimentos em 2023. Os dados escancaram a crescente insatisfação com a aparência, impulsionada pelo que se vê e se consome nos aplicativos.
A obsessão com a estética não é um fenômeno novo, mas se intensificou com a digitalização da vida cotidiana. Há pouco tempo, era comum ver adolescentes tentando se encaixar em “tipos de beleza”, perguntando a seguidores que nunca viram na vida se faziam parte de categorias como “deer pretty” ou “bunny pretty”.
A pergunta que fica é: como uma geração tão obcecada com a própria imagem consegue ter tanta dificuldade em se enxergar?

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