Depois de 30 anos como diretora criativa da marca que leva seu sobrenome, Donatella Versace levanta da cadeira para deixar outra pessoa se sentar. Donatella, antes de qualquer outra coisa, foi musa da marca que inicialmente levava o nome de seu irmão; Gianni Versace, ela tomou conta dos caminhos criativos da marca depois de ele ter sido brutal e publicamente assassinado na frente de sua mansão em Miami, que hoje é ponto turístico.
Ela também faz parte de um grupo de diretores criativos dentro das grandes marcas de luxo internacionais que receberam o posto sem antes trilharem um caminho no mundo da moda passando por várias marcas, estudando moda na faculdade, estágios, etc. ela recebeu as chaves da marca como herança depois de um trauma. Resumindo, ela é da “velha guarda”.
Esse movimento é especialmente interessante por alguns motivos:
Primeiro, se você está pelo menos um pouco por dentro da astrologia, deve ter ouvido falar que até esse mês (caótico) de março no ano de 2025, os ciclos que precisam ser encerrados serão. Em meio aos eclipses, retrogradações e projeções dos astros, o ano novo astrológico começa e antes disso, tudo que tiver que ser deixado para trás, há de ser deixado.
Segundo, a instabilidade dos postos de diretores criativos em marcas de luxo, afinal não faz muito tempo que a Gucci mudou de novo e agora, conforme anunciado simultaneamente a escrita desse artigo, recebe o antigo diretor da Balenciaga, significando que ela também está com essa vaga aberta no LinkedIn. Outras que recentemente anunciaram novos diretos, Valentino, a Chanel, a Margiela com a saída do Galliano e a lista segue.
Terceiro, a venda da Versace para o grupo Prada. A marca já não é mais de posse da família Versace, foi vendida para o grupo do Michael Kors (a Capri Holdings) em 2018 que comprou a marca numa estratégia famosa de deter nomes europeus em seu portfólio norte-americano, e agora estaria em negociação para voltar a mãos italianas se comprada pelo grupo Prada.

Ela não sai de moda, ela está em todas as estações, em todo o mundo, em todos os eventos, ela está em colaborações, no imaginário do público, no moodboard da Lady Gaga, ela sempre é o momento.
Donatella, que, famosamente, foi reconhecida como a musa de seu irmão fundador da marca, se tornou praticamente musa de si mesma. Ela é o corpo e a alma da marca há 30 anos, a medusa é a logo, mas o rosto em que todo mundo pensa quando citado o nome da empresa é o de Donatella, seu cabelo platinado e as inúmeras cirurgias plásticas pelas quais ela ficou tão famosa fora do buzz do mundo pop. Ela difundiu uma estética, não só com as coleções que a marca apresenta nas passarelas, mas também com seu estilo pessoal, sua personalidade e suas aparições na mídia como uma das figuras da moda mais fortes e de presença mais consistente.
Assim como a colaboração maravilhosa com a Riachuelo, vale uma menção honrosa à colaboração da italiana com a fast fashion sueca, H&M, mais especificamente para o vídeo da campanha que anunciou essa collab. Donatella aparece em frete a uma tela enquanto “brinca” com o que parecem ser câmeras de vigilância de uma fábrica que produz em massa modelos idênticas a ela mesma. No final, ela vira para a câmera e diz: “My house, my rules, my pleasure” (Que em português seria algo como: Minha casa, minhas regras, meu prazer). Talk about blond ambition…

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