Lançamentos de influenciadoras movimentaram o mercado de maquiagem em 2024, mas não fugiram da maldição do cancelamento e ainda deixaram a desejar.

(Foto: Karen Bachini Beauty)

O ano de 2024 foi repleto de lançamentos de maquiagens de influenciadoras, e, junto a isso, vieram as polêmicas e reflexões sobre o papel das criadoras de conteúdo no mercado de cosméticos. Depois da reação extremamente negativa com a base da WePink, o ambiente para a criação de novos produtos ficou um pouco mais hostil. Levando em consideração marcas de influenciadoras que entregam muita qualidade, como Mari Maria e Bruna Tavares, ficou cada vez mais difícil surpreender, mas muito fácil desagradar.

O primeiro grande lançamento foi com Bianca Andrade e seus produtos em stick, dando início à grande tendência de produtos em bastão aqui no Brasil. Seu rebranding e sua estratégia de marketing, usando o “buzz” ao criar uma rivalidade entre pó solto e pó compacto, trouxeram bastante engajamento para a empresária. Todos estavam ansiosos para saber o que a Boca Rosa estava aprontando.

(Foto: Divulgação)

Com 50 tons de base multifuncional, 7 de pó compacto e 7 de blush, Bianca Andrade deu um passo importante em termos de inclusividade, sendo pioneira ao lançar uma cartela de cores tão diversa no mercado nacional. No entanto, o sucesso foi ofuscado por problemas na embalagem: muitos clientes relataram que a base não girava até o final, resultando em produtos quebrados. A situação ganhou ainda mais repercussão após Karen Bachini, conhecida por suas opiniões sinceras, publicar uma resenha também negativa — a mesma criadora que gerou burburinho ao avaliar a base da Virgínia. Diante das críticas, Boca Rosa optou por recolher os produtos danificados e prometeu um relançamento, focando em melhorias de logística e controle de qualidade.

Falando em Karen Bachini, a youtuber de maquiagem também lançou a base mais aguardada do ano. Por tratar-se de uma figura muito respeitada quando se fala de resenhas de base, os fãs de maquiagem esperaram por esse produto por muito tempo. Afinal, uma pessoa que faz tantas críticas a formulações e problemas técnicos dos produtos com toda certeza lançaria uma base praticamente perfeita, certo? E mesmo que não fosse perfeita, ela saberia lidar com as críticas e traria soluções, certo?

(Foto: Karen Bachini Beauty)

Pois bem, Karen Bachini se tornou o que jurou destruir ao não lidar muito bem com a reação dos internautas sobre seu produto. Alguns influencers de beleza reclamaram que a base mudava de tom na pele, ficando muito mais escura e amarelada depois de secar. Até aí, errar é humano. Mas o pronunciamento dela sobre o caso deixou o público ainda mais irritado. Em dois vídeos no TikTok, Karen comentou sobre a dificuldade de encontrar o tom certo de base e deu dicas de como fazer isso da maneira certa. Ela também sugeriu que o armazenamento pessoal poderia estar influenciando o resultado e, para completar, recomendou o uso da sua base branca para corrigir o problema.

A reação? Algumas pessoas disseram que parece necessário fazer faculdade para usar o produto e ficaram insatisfeitas com a ideia de resolver o problema comprando outro produto da marca. Será que, em outros tempos, a própria Karen teria se “cancelado”?

E, por fim, e talvez a pior situação de todas, temos o lançamento da marca “Mascavo”, de Mari Saad, ou “Mais Claro”, como foi apelidada após a repercussão negativa. A youtuber ficou nacionalmente conhecida por sua parceria com a marca Océane, que resultou em muitos produtos icônicos e amados por todos nós. Então, quando a empresária anunciou o fim de sua parceria, mas o começo de sua própria marca, as expectativas foram lá no alto.

(Foto: Reprodução)

Mascavo foi lançada no dia 28 de outubro, seguindo a tendência de pele natural e minimalismo, contando com produtos multifuncionais em stick. Sua coleção já estreou extensa, composta por 54 produtos.

Mas o ponto principal que marcou seu nome foi a falta de tons nas cores de contorno. Com apenas 4 tons, sendo o mais escuro ainda muito claro para peles retintas, Mari Saad recebeu diversas críticas — e com razão. Sob fortes críticas até de Golloria, criadora de conteúdo norte-americana conhecida por reivindicar inclusão para peles negras no mercado de maquiagem, Mascavo ficou conhecida por seus preços exorbitantes e seu racismo cosmético. O pronunciamento também deixou a desejar.

(Foto: @marisaad no Instagram)

Esses lançamentos de maquiagem destacaram que ser influenciadora hoje vai além de criar conteúdo inspirador. Quando decidem lançar suas próprias marcas, as criadoras precisam enfrentar um público cada vez mais exigente, que espera não só qualidade e inovação, mas também posicionamentos claros sobre inclusão e responsabilidade. Afinal, o mercado de cosméticos já não é mais tão indulgente com erros básicos — e ainda bem!

(Foto: Divulgação)

Bruna Tavares e Mari Maria, por exemplo, estabeleceram padrões altos, mostrando que é possível equilibrar produtos tecnicamente excelentes com estratégias de marketing que dialogam com o público. Já os tropeços que vimos este ano, como embalagens mal planejadas, respostas insatisfatórias a críticas ou ausência de diversidade nos tons de pele, são um lembrete do quão fácil é perder a confiança do consumidor.

Com a virada de 2025, fica a reflexão: será que essas lições vão gerar mudanças reais nas próximas coleções? Mais do que seguir tendências ou alcançar números altos, o desafio está em criar produtos que dialoguem com quem os consome — e isso vai muito além de estampar o próprio nome em uma embalagem bonita. Em 2025, o mercado não pedirá menos do que autenticidade, respeito e, acima de tudo, um verdadeiro compromisso com a beleza que abraça a todos.

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