Nos anos 60, o design era maravilhoso, porém muito ordeiro: formas geométricas, linhas precisas, tudo dentro da cartilha do modernismo europeu. Já os anos 80 chutaram essa porta com cores vibrantes, tipografia desconstruída e uma vontade insaciável de quebrar regras.

Foi nessa era explosiva que April Greiman emergiu como uma das figuras mais inovadoras, transformando o uso de computadores em arte e fundando a deliciosa New Wave. Bora conhecer a história desta verdadeira cosmonauta do design!

April Greiman / Fonte: Tipográficos

E como toda história, vamos do começo: Nossa amiga April Greiman nasceu em Nova York, 1948, e revolucionou o design gráfico ao abraçar os computadores como ferramenta criativa. Inclusive, era fanzona do Macintosh. Ah, é importante lembrar que o design, naquela época, estava mais perto das artes visuais e plásticas e computadores não eram tão bem vistos assim.

April se formou pelo Kansas City Art Institute, fez pós-graduação na icônica Allgemeine Kuntsgewerberschule Basel, onde aprendeu com lendas como Armin Hoffman e Wolfgang Weingart. Ela teve uma trajetória bem interessante no ensino, virando diretora do Programa de Comunicação Visual do departamento de design do Instituto de Artes da Califórnia.

Já em 1992, ela deu aulas como professora adjunta no Instituto de Arquitetura do Sul da Califórnia até 2009, quando mudou para a Escola de Arquitetura da Universidade Woodbury até 2018. Na primavera de 2020, nossa amiga virou professora titular de design na Escola de Arte e Design Roski da Universidade do Sul da Califórnia. Chique né?

capa da WET Magazine, Set/Out, 1971 / Fonte: ReadyMag

Com seu estilo desconstrutivista, April fundou a New Wave, redefinindo o design tipográfico com uma abordagem que desafiava as convenções rígidas de arranjo baseadas em grade – como era produzido na época – e claro, com influências do punk rock, da ficção científica e da tecnologia!

Nossa amiga April foi pioneira na era digital, trazendo interatividade, movimento e arquitetura para o design gráfico. Fundou o Made in Space,que combinava ciência, tecnologia e arte, transformando erros digitais em estética contemporânea. Já ouviu falar de glitch art? Ela foi tipo a mãe disso!

The modern poster for MOMA, 1988 / Fonte: FamousGraphicDesigners

I like to step into areas where I am afraid. Fear is a sign that I am going in the right direction / Gosto de ir pra lugares onde tenho medo. O medo é um sinal de que estou indo na direção certa – April Greiman

Com prêmios como a medalha AIGA e exposições itinerantes até pela União Soviética, nossa amiga rapidamente virou um ícone da pós-modernidade. Ela fez até pôster para os jogos Olímpicos! Sua visão disruptiva provou que o design poderia ser mais livre, uma viagem espacial ou um universo em expansão contínua.

Cartaz dos Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles / Fonte: ReadyMag

Um de seus projetos mais icônicos é a revista Design Quarterly, de 1986, que ela transformou o tradicional formato encadernado em uma única folha dobrada, misturando imagem, texto e tecnologia digital.

Este trabalho consolidou seu manifesto estético: desafiar as normas visuais estabelecidas na época, combinando camadas de tipografia desconstruída, elementos gráficos pixelados e paletas de cores vibrantes.

Revista Design Quarterly, 1986 por April Greiman / Fonte: Reddit

No campo da arquitetura, April colaborou com escritórios renomados como Morphosis e Barton Myers, criando sinalizações e murais que integravam arte gráfica ao espaço físico. Sua abordagem interdisciplinar também é vista em projetos de murais espalhados pelo mundo todo, em que arte e funcionalidade se encontram de forma sublime.

“Mão segurando uma tigela de arroz”, um mural em Koreatown, Los Angeles, CA / Fonte: ReadyMag

Nossa amiga April também foi responsável pela criação de um selo comemorativo para o Serviço Postal dos Estados Unidos em 1995, que celebrou a exploração espacial.

Selo comemorativo para o Serviço Postal dos Estados Unidos, 1995 / Fonte: Pinterest

Também liderou projetos de exposições multimídia, como a premiada Inventing Flight, realizada em 2003, que explorava o impacto histórico da aviação.

Pôster da exposição “inventing flight” de 2003 / Fonte: Riccia97

Vamos combinar, vai… April Greiman não é só designer – ela mesmo se define como uma artista transmídia – ela é uma exploradora dos limites entre arte, tecnologia e comunicação. Uma cosmonauta da arte!

Suas exposições solo, como Does it Make Sense? (1995) e Drive-by Shooting (2006), são verdadeiros manifestos visuais, onde glitches viram arte e movimento ganha cor e textura.

Exposição “Drive by shooting”, 2006 / Fonte: Wikipédia

it’s not graphic design anymore. we just don’t have a new name for it yet / não é mais design gráfico. É só que nós ainda não temos um novo nome para isso.—April Greiman

Com uma carreira cheia de prêmios e exposições globais, April prova que o design é muito mais que estética – talvez estática (perdão o trocadilho infame). Hoje, ainda no comando do estúdio Made in Space em Los Angeles, nossa amiga continua criando sem medo, misturando o físico e o digital e guiando viagens cósmicas por mundos ainda sem nome.

Cartão de visita do estúdio de April Greiman / Fonte: Site oficial

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