A era do consumo desenfreado nos transforma em ávidos colecionadores de experiências e produtos, e a indústria do entretenimento, sempre atenta aos nossos anseios, sabe como explorar essa necessidade. A estreia de Wicked é a mais recente prova disso. O musical trouxe uma nova onda de produtos licenciados para todos os fãs e, de quebra, as carteiras.

Com 20 anos de história nos palcos da Broadway, o musical sempre teve uma legião de seguidores. Mas foi com a adaptação cinematográfica e a força do marketing da Universal Studios que a marca Wicked se tornou um verdadeiro fenômeno cultural, capaz até de rivalizar com o império Barbie.
Wicked estreou com números impressionantes, mas a Barbie ainda mantém a coroa. A cidade de esmeralda arrecadou cerca de US$ 164 milhões mundialmente em seu primeiro fim de semana, já a boneca da Mattel alcançou a marca de US$ 194,3 milhões no mercado internacional. No entanto, a estreia de Wicked é a maior de todos os tempos para um filme baseado em um musical da Broadway, um feito e tanto!

Tapete vermelho em Sydney na Australia
A febre de Wicked não se limita às telonas. A indústria da moda, sedenta por lucros, abraçou rapidamente o universo mágico de Oz, transformando-o em mais uma oportunidade de consumo. Gigantes como Gap e H&M, além das fast fashion como Primark, lançaram coleções inspiradas no filme, alimentando um ciclo de produção desenfreada e descartável. A parceria com a O.P.I. e R.e.m. Beauty é apenas mais um exemplo de como a beleza também se torna uma ferramenta de marketing para impulsionar as vendas.

A alta-costura não ficou imune à onda verde e rosa. Designers como Naeem Khan e Zac Posen apresentaram visuais inspirados no musical, como o icônico vestido com capuz em parceria com a GAP usado por Cynthia Erivo no Academy Museum Gala. Mas, por trás do glamour e da sofisticação, surge a pergunta: até que ponto a moda rápida está explorando um universo tão rico para fins comerciais?

Cynthia Erivo e Zac Posen no premiação CFDA 2024

Naeem Khan SS25 na New York Fashion Week
A chefe de divulgação da Forever 21, Masako Konishi, resume bem essa dinâmica: “Isso amplifica que esse é um fenômeno cultural (…) Quanto mais marcas colaboram com Wicked, mais a história se espalha”, isso cria uma grande bola de neve de consumo. A afirmação de Konishi é verdadeira, mas a superficialidade com que muitas marcas estão abordando o tema levanta dúvidas sobre a qualidade e a relevância dessas colaborações.

Coleção Forever 21 x Wicked
Além dos números e das parcerias, Wicked representa muito mais do que um simples filme. A história de duas bruxas, Elphaba e Glinda, ressoa em um público diverso, que se identifica com as temáticas de amizade, amor e empoderamento.
O sucesso de Wicked e Barbie mostra que a divulgação no cinema é uma estratégia cada vez mais eficaz para promover filmes e gerar receita. Embora a Barbie continue reinando como a rainha indiscutível do merchandising (afinal, ela vem sendo vendida há anos e sabe fazer isso muito bem), a estreia de Wicked demonstra que há um novo jogador poderoso no mercado.
A adaptação cinematográfica do musical não apenas conquistou o público, mas também se revelou um sucesso comercial sem precedentes. A fórmula parece clara: um filme com uma história envolvente, personagens icônicos e uma base de fãs fiel é a receita perfeita para gerar um buzz e impulsionar as vendas de produtos licenciados.
Com Wicked e Barbie, a indústria do entretenimento encontrou uma nova maneira de monetizar seus produtos, e é provável que vejamos essa estratégia replicada em futuros lançamentos. Afinal, quem não gosta de ter um pedacinho do seu filme favorito no guarda-roupa? Porém, a que custo?

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