Les Mason – que de francês tem só o nome – nasceu na Califórnia em 1924, mas recusou as ondas e o surf para entrar na cena de design de Los Angeles aos 27 anos. Formou-se em pintura e design de interiores e com o diploma nas mãos mergulhou no mundo da arte comercial, ganhando espaço com a equipe West Coast Designers – os queridinhos da época.

Até então, ele estava entendendo seu lugar no mundo naquele dilema Arte X Publicidade – quem já viveu, sabe… Em 1961, sua vida deu um giro e ele se mudou para Austrália por conta de um contrato de um ano com a agência de publicidade USP Benson. E é aí que a história começa mesmo!

Na Austrália, o design gráfico ainda estava emergindo e, como nos EUA, ainda muito ligado à publicidade. Para tentar quebrar o ostracismo, Mason trouxe uma visão mais ousada. Seu primeiro grande sucesso foi uma campanha para a Shell em que ele usou um gatinho molhado e um texto fofinho para cativar o público. É neste meio tempo que surge o Les Mason Graphic Design, em Melbourne.

Agora vem a parte mais interessante: em 1966, a Wine and Food Society prometeu ganhar espaço no mercado editorial australiano com uma revista falando sobre… arte? Economia? Política? Gente pelada? Não! A memorável revista The Epicurean tinha a proposta de falar sobre Comida & Bebida! E a quem eles ofereceram o cargo de diretor de arte? Nosso amigo Les Mason!

Ali ele começa a soltar seu artista interior sem limites! Além de cada edição contar com uma capa icônica, Mason recriava a identidade visual da revista constantemente – sem contar as collabs com artistas e modelos para criar imagens únicas, inovando com novas tipografias e conceitos visuais.

O designer gráfico e diretor de arte Les Mason foi tanto um designer bem-sucedido por si só quanto um provocador, catalisador e protagonista na florescente cena de design de Melbourne. Por mais de trinta anos, Mason exigiu que a comunidade de design gráfico e a indústria em geral reconhecessem a categoria como uma profissão totalmente formada, e que os profissionais se esforçassem para oferecer processos conceituais e formais rigorosos em pé de igualdade com outras, como a arquitetura – Ewan McEoin, Curador Sênior de Arte Contemporânea, Design Contemporâneo e Arquitetura no NGV em Melbourne.

Com um comentário destes, já é de se esperar que o trabalho do nosso amigo Les Mason tenha algo a acrescentar no livro de ouro dos designers gráficos do mundo. Então, ele começou a pesquisar temas como psicologia, arte, comportamento, economia, tudo sob a perspectiva do design.

Em 1972, o resultado de suas pesquisa originou um supergrupo de designers: Frank Eidlitz, Garry Emery, Robert Rosetzky, Brian Sadgrove, Darrel Waddell e Lyn Waite. E, junto com essa galera, o lançamento 7 Australian Designers, 1970/1972 Number 1 .

O superlivro, que virou referência na mesma hora, surgiu dos papos pós-trabalho no estúdio de Mason, em que o grupo debatia como elevar a qualidade e profissionalismo do design gráfico. Eles criaram um código de ética que não só uniu os designers, mas também fez os clientes sacarem a importância do bom design. Fizeram até uma tabelinha de valores e taxas!

A obra de Les Mason segue imortal e influencia até hoje uma geração que quer fazer arte por toda parte. (Mesmo que numa revista de comida!)