Cada geração tem suas particularidades, e, às vezes, elas se chocam. Esse é o caso das “jovens senhoras”, um fenômeno entre millennials e a geração Z, que estão trocando baladas por atividades diurnas e bares mais aconchegantes.

A expressão “jovens senhoras” começou na internet como descrição desse tipo de comportamento, pessoas que estão de alguma forma cansadas de eventos sociais específicos como baladas com horas em pé e vai madrugada adentro.
Essas pessoas possuem um estilo de vida que seria considerado de uma pessoa mais velha, daí o nome.
Esse fenômeno crescente entre os jovens revela uma “precoce aposentadoria social” para determinados eventos mostra que existe uma valorização pela saúde e bem-estar onde considera-se atividades físicas, cuidado emocional e mental e atividades manuais como aulas de pintura e cerâmica algo inegociável.
Isso pode ser considerado como uma mudança de percepções sobre liberdade, onde o jovem entende que é preciso uma busca por equilíbrio e conforto com interação social e cuidado pessoal.

De acordo com a psicóloga Isabelle Emerick, “Tem acontecido essa movimentação por múltiplos fatores, primeiro é uma geração mais preocupada com a sua saúde, o seu bem-estar físico e emocional. Com isso é uma geração que já não sai tanto para baladas e noitadas, mas ainda sim é uma geração que busca ser ativa, então procuram atividades físicas e hobbies como tricô e leitura”.
“Nos anos 70 e 80 existia uma geração muito ativa, uma geração que queria ocupar os lugares e essas gerações seguintes já são gerações que vivem muito disso que foi permitido e também a questão da pandemia que tira os jovens de uma forma de socialização mudando o hábito do comportamento”, reflete a psicóloga.
Enquanto muitos começaram a vida social de noitadas e consumo de álcool por volta dos 17 anos, hoje buscam o bem-estar atrelado a novos padrões de consumo e estilo de vida.

Essas mudanças também são percebidas nas experiências pessoais, como exemplificado por Raysa Ruschel, designer de moda e professora universitária: “Acho que eu nunca tinha sentido tão forte até o início desse semestre, quando um aluno meu falou que ele não tinha visto o Rei Leão original em vhs, só o remake, perguntei como isso era possível e ele me disse que nasceu em 2006”.
É um momento em que as gerações se chocam com algo considerado tão comum para uma geração e tão vaga para outra.
Já Gisele Moura, designer de moda e coordenadora de estilo: “Eu sinto a falta de energia, me sinto com mais medos sabe? Coisas que a Gisele jovem faria e hoje a Gisele senhora tem medo”

A expressão “jovens senhoras” reflete uma geração que prioriza o bem-estar e o autocuidado, reformulando a vida social em busca de equilíbrio.
As festas “before midnight” exemplificam essa mudança, esse novo estilo de vida se reflete em eventos sociais em que conforto e a qualidade de vida se tornam essenciais na forma de socialização, onde estabelecimentos abrem por volta das 19h e encerram pela 00h, horário em que se começava a entrar nas baladas.
É inegável que a busca por novas experiências sempre persistirá, neste contexto, surge uma questão fundamental: será que essas vivências ainda precisam ser barulhentas e agitadas?
Imagine um dia ensolarado, cercado de amigos em um ambiente aconchegante, onde a conexão é profunda e o relaxamento é prioridade. Não seria essa uma forma mais autêntica de socializar?

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