Na edição 58 da SPFW, Dendezeiro e Another Place foram uma espécie de Yin-Yang fashion. Sem intenção das marcas, os dois desfiles, colocados um ao lado do outro, mostram a diferença regional do Brasil e como isso influência a moda e a música, tudo isso a partir de duas coleções que retratam dois tipos de realidade: o sol quente do sertão baiano e as noites frias dos centros urbanos paulistanos.
As marcas trouxeram suas raízes regionais de uma forma pessoal e íntima, colocando cada vivência dos estilistas em jogo como uma forma de expressar o sentimentalismo por suas cidades e origens através das roupas e das trilhas sonoras.
Dendezeiro e a inspiração pelo sertão da Bahia
Não é novidade que Hisan Silva, como diretor-criativo da marca, gosta de homenagear suas raízes nordestinas. Na coleção Brasiliano: filhos do sol foi notável o amadurecimento das criações. Hisan apostou numa estética que, em certos looks, remete ao cangaço nordestino.
Também foi inspiração a obra “Vidas Secas” (1938) de Graciliano Ramos, clássico literário que conta a realidade de uma família sertaneja e nordestina. A trilha sonora contou com um remix de rap, funk e a música tradicional do sertão.

Foto: @agfotosite

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Além disso, uma espécie de alfaiataria tropical foi um dos pontos altos do desfile, ressaltando também a formalidade e elegância da moda baiana.

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Integralmente, muita presença de couro, palha, jeans, miçangas e sarja, e a paleta de cores foi “caramelizada” e queimada, ou seja, protagonismo de bege, marrom, laranja e ocre – combinando com uma pincelada de azul – (parceria Suvinil), fazendo um jogo de coloração com o tom de pele dos modelos, utilizando cada melanina como parte do look, seja o modelo branco, preto, pardo ou de qualquer etnia. Nos calçados, a parceria com a Puma brilhou.

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Another Place e as noites de rave em São Paulo
Rafael Nascimento teve a inspiração nos clubbers da metrópole paulista para a coleção Hardy, explícito a partir do início do desfile com a trilha sonora de Satisfaction, música eletrônica de sucesso dentre o meio techno.
Os visuais com vibe de Balenciaga e Diesel exploraram transparência, jeans, acessórios prateados e óculos escuros, roupas usadas pela grande maioria do público dessas raves que acontecem em galpões e prédios abandonados em São Paulo.
A balada eletrônica adaptada para as passarelas aconteceu e conseguiu reafirmar sua estética de jeanswear e da jovialidade, porém, a parceria com a Enel (empresa envolvida com o apagão da cidade de São Paulo) para o show de luzes da passarela gerou debates entre os fashionistas.

Foto: @agfotosite

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Preto, branco, azul, prateado e vermelho foram as principais cores, sendo representadas em muito elastano, couro, cetim e algodão. A cereja do bolo foi os cintos com robustas fivelas de metal que davam um toque especial nas calças.

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