Recentemente viralizou-se uma trend no Tiktok em que os usuários contam qual o plano A da sua vida , o plano B caso dê tudo errado e o plano C – que seria fazer tudo o que o fundo da sua alma mais quer fazer na vida, que, muitas vezes, ignora qualquer regra pré-estabelecida pela sociedade. Por que tudo isso de plano?

O plano A é sempre algo relacionado a faculdade, carreira, família e filhos. O plano B é mais mórbido. E o plano C é o que te faz brilhar os olhos só de pensar.
Mas, por que essa confusão toda? Não seria mais fácil pular para o plano C logo? Já que é o que realmente quer ser seguido? Por que viver uma vida em que não há intensão de ser vivida com paixão pelo que se faz? A quem você quer realmente agradar?
Bom, Freud explica (ele sempre explica).
Freud, pai da psicanálise, cria dois conceitos muito famosos para explicar o motivo de parecer que há dois “eu” dentro de nós mesmos que vivem em conflito sobre qual deve permanecer no poder da sua mente, sendo eles o “eu ideal” e o “ideal do eu”.
O “eu ideal” seria uma imagem que nós criamos de nós mesmos, a partir do nosso conhecimento próprio sobre nossa consciência e a maneira como levamos a vida, digamos que seja a parte que conhecemos de nós mesmos.
Já o “ideal do eu” é tudo aquilo que internalizamos durante nossa vida, como normas e padrões sociais que são postos sobre nós e guardamos aquilo como algo que tem que ser seguido, e a partir disso, criamos uma consciência crítica sobre nosso modo de operar as coisas, o “super-eu“.
Dito isso, seu plano A – seria aquele que é planejado com base no que a sociedade espera de você, como fazer uma faculdade, ter filhos e um emprego estável – anda de mãos dadas com o ideal do eu. O plano C, é o que sabemos que queremos, ou seja, o nosso eu ideal.
Porém, como se livrar dessa cobrança e não se sentir culpado por fazer aquilo que realmente quer? Não tem como.
Infelizmente, é impossível desligar a voz no fundo da sua cabeça que te culpa por ter bebido demais na sexta e falado o que não devia para aquela pessoa. Mas, existem maneiras de reduzi-la, felizmente.
Não é um processo fácil reduzir o supereu, ele te acompanha desde sempre, não há remédio psiquiátrico no mundo que faça isso sem te deixar como um zumbi. Muito menos pagar 500 reais para uma palestra de algum coach. Para fazer as pazes com essa parte de você, você vai ter que sentar a bunda em um consultório com a psicóloga e se ouvir.
Contudo, nossa sociedade entra em um paradoxo, o qual Yuval Noah Hariri comentou na última quarta feira, dia 16 na Feira de Frankfurt: “Desacelere, mas rápido”.
Pense se você vai mesmo querer fazer o plano A ao invés do C, mas não demore muito, se não a vida passa e quando você se der conta, o plano B será mais considerado do que qualquer outro. Considere fazer o que quer, mas também reformule, “o que eu quero?”.
Com essa pergunta em mente, outra volta, “a quem eu quero agradar?”.
Lacan, outro psicanalista, diz que buscamos sempre o olhar do outro para nos validar, o que explica muita coisa, não? Meio óbvio, mas importante. Por que fazer algo incrível com sua vida, se não vai ter ninguém para te parabenizar por isso? Sem ter ninguém que vai olhar para você e falar “Estou orgulhoso de você por ter feito aquilo que você sempre quis”.
Não é fácil ser autossuficiente, todo mundo gosta de ter apoio quando toma uma decisão grande – como o rumo que você escolhe seguir na vida -, mas a questão é exatamente essa, seu caminho é você quem vai seguir, o máximo que as outras pessoas farão é olhar seus stories e depois pular para o próximo, e depois para o próximo e o próximo… Ninguém está ligando muito para o que você faz ou deixa de fazer, a não ser seus pais.
Ás vezes, seu plano A não foi pensado para agradar você, e sim eles. Mas, você ama eles e quer muito que eles sintam que não erraram com você, então prefere seguir o caminho feito por eles, por que se der errado e você se tornar uma pessoa infeliz, você tem quem culpar, certo?
Ás vezes, esse medo de seguir seu plano C, não é pelo medo do olhar dos outros ou dos seus pais, e sim sobre saber que se ele não funcionar, você só terá uma pessoa para culpar: você.
Se autoconhecendo, prever futuras reações próprias fica mais fácil, e assim, consequentemente, você se torna mais fácil de lidar, não em relação aos outros, mas em relação com você mesmo. E também, nada te impede de realizar o plano A, e aos 30 você decidir fazer o plano C.
Nem tudo é sim ou não, branco ou preto. Permita se conhecer.

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