É fato que a capacidade brasileira em transformar para melhor os ritmos internacionais não se limita, e nem vai. O R&B (ou rhythm and blues), uma mistura de jazz, blues e hip hop, é só mais uma comprovação disso.

O que começou na década de 40 nos Estados Unidos com destaque para a expressividade emocional nas melodias chegou na América do Sul ainda mais quente, em todos os sentidos. Agora, as melodias suaves combinam com as suas próprias letras, que falam de relacionamento e questões íntimas, desejos… É “papo de edredom” sucedido de uma garrafa de vinho aberta em poucos segundos.

Agora que você já entendeu do que se trata, deixa eu te levar para conhecer o som do prazer!

Liniker e o álbum Goela Abaixo (2019)


Além dos visuais que nos fazem sentir acolhidos, a voz da Liniker é o suprassumo de tudo que a sua própria garganta pode oferecer. Ela é potente e transpassa; ela transpassou em Boca, faixa que provoca o questionamento do imediatismo das questões da vida, nos faz lembrar que uma das questões da vida é o que está na nossa cabeça e a capacidade de externalizar.

Reprodução: pinterest

“Quanta alma mergulhada em devoção.
Aceito que para a vida, eu vou com calma
Tanta gente panicada, meu tempo de boa é bom.”

E dentro da Liniker, buzinou tanto que a faixa mais aclamada do álbum, Intimidade, já explodiu sentimento. Com uma sonoplastia singular, o toque do piano, junto às respirações ofegantes e os melismas da cantora serviram para arrepiar. Intimidade falou de um relacionamento sem unilateralidade, é tão gostoso que explode.

E quando pensamos em evolução, em continuidade, CAJU é a prova viva de que o R&B brasileiro tem fôlego para encantar ainda mais. Neste álbum, Liniker descortina a efetividade que a troca de afeto pode trazer para um coração.

O “vem me visitar de madrugada” em Intimidade chega ao ápice em “quero saber se você vai correr atrás de mim no aeroporto” em Tudo. O rhythm and blues é mais do que a indústria pode controlar com números, é música… para sentir.

Melly, Budah e as latinidades do gênero

“Chega mais perto de mim
eu gosto da sua pele encostando na minha
arrepia os cabelinhos
ilumina a rua
me chama de sua”

A Melly sabe bem o que faz quando implora, Call Me If You Feel the Same (luv, 2021), porque o R&B não guarda para si, traduzir os desejos que queimam sob a pele, ceder, é isso que tem e continua sendo feito para uma boa manutenção desse gênero tão quente!

Melly é o novo achado da música brasileira. Seu álbum Amaríssima destaca as fases de um relacionamento (é um relacionamento sáfico, então espero que entendam que a intensidade aumenta aqui, ok?). Esse álbum é lindo de se ouvir, e ver também. A cantora fez um curta-metragem para representar a história e fazer a gente… sentir. Vale a pena assistir, sorrir, se perder de amor e, quem sabe, desmoronar junto!

Confesso que filmes de romance são essenciais para a manutenção da utopia dessa realidade mórbida, mas aqui é o Brasil, e o Brasil é quente! A cantora Budah esquenta tudo a todo tempo e ao auge, o single Licor trouxe uma sonoplastia que transporta qualquer um para um sentimento capaz de ser visto — uma noite, alguns toques.

“Eu sou fria e você quente aos poucos vem me derrete
Passa a sua mão, entrelaçando meu corpo, confusão
Aqui dentro é uma bagunça
Mas tranquilo, quando você chega sempre arruma.”

Espero que o som do prazer tenha te aquecido e te feito sentir. Mas isso é só o começo: eu selecionei alguns álbuns e playlists que vão deixar qualquer momento mais intenso. Aproveite!

  1. PúpuraBudah
  2. Indigo Borboleta Anil Liniker
  3. Tara e Tal Duda Beat
  4. Playlist “Suíte”Spotify
  5. FamintaBia Ferreira
  6. Vilã Ludmilla
  7. Amaríssima Melly
  8. Reversa Carol Biazin

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