Quem teve acesso a internet nos anos 2000 sabe que a fonte Comic Sans MS reinou como uma das mais populares, especialmente com a explosão do MSN – a escolha favorita para personalizar status e trocar mensagens. E vamos admitir, todo mundo já usou, não é? Aquela fonte com jeitinho divertido que combinava com o clima mais leve da internet na época.

A fonte amada e temida é criação do designer Vincent Connare, que começou a trabalhar nela em outubro de 1994 para o Microsoft Bob: uma interface gráfica alternativa para PCs que acabou não dando certo. O programa usava balões de fala como os dos quadrinhos para exibir mensagens, mas os textos eram apresentados em Times New Roman, uma fonte muito formal. Daí veio Connare e mudou tudo para sempre.

A nossa fonte descontraída está completando 30 aninhos em 2024 e ainda é utilizada por milhões de pessoas ao redor do mundo – inclusive a Apple até fez uma “versão” dela, a desconhecida Chalkboard.
Se você trabalhou com design gráfico ou conviveu com algum designer, talvez já tenha ouvido o quanto eles detestam essa fonte nos dias de hoje, mas o cliente ama o estilo descontraído – É aquele vídeo da Rita Lee falando “Ah, ela é tão galera“.
E mesmo com toda a campanha dos designers gráficos em associar a fonte ao informal, ao datado e ao que não combina com os dias atuais, muitos clientes continuam pedindo Comic Sans MS, seja por nostalgia ou pelo toque leve que ela traz. Ela pode até ser a Miss Simpatia, mas tente usar num projeto sério e vai sentir a fúria da ABNT.

“Falem bem, falem mal, mas falem de mim” é uma frase que define a ascensão da rainha amada e temida. Os designers Dave e Holly Combs lançaram o site Ban Comic Sans, pedindo de forma bem humorada o “banimento” da fonte. Os caras da Objective.dev criaram Kill The Comic Sans, um joguinho de tiro em Flash onde você deveria atirar nos textos em Comic Sans.
Enquanto isso, outros tipógrafos tentaram reformular e melhorar a Comic Sans. Em 2011, a Monotype Imaging lançou a Comic Sans Pro, uma nova versão da eterna alecrim dourado, voltada para um uso mais comercial. Já em 2012, o designer Craig Grozynski apresentou a Comic Neue, uma versão “atualizada” da Comic Sans, que recebeu até elogios de Vincent Connare.

Ainda em 2014, a instituição britânica Cancer Research UK celebrou os 20 anos da Comic Sans com a campanha beneficente “Comic Sans for Cancer”. Para isso, convidaram 500 artistas de 38 países a criar pôsteres comemorativos inspirados na famosa fonte.
No final das contas, a Comic Sans é um ícone da cultura digital dos anos 2000 e passou por tudo que uma verdadeira celebridade já passou. Viveu todas as fases da Britney Spears. Amada por muitos, odiada por outros, ela sobreviveu ao tempo e ainda faz parte do nosso imaginário coletivo.
E você, ama? Odeia? De que lado você está?

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