Nesta edição, a Semana de Moda de Londres, queridinha dos vanguardistas e criativos, comemora a singela marca de 40 anos. Fez história com gênios excêntricos, como Vivienne Westwood e Alexander McQueen, que jogaram Londres no centro da moda mundial. Por mais difícil que seja escolher, elencamos os 5 desfiles que mais marcaram a história da moda inglesa, aproveitem.

Em 1984, em um cenário cultural e político fervilhante, nascia em Londres um evento que iria moldar a história da moda mundial: a London Fashion Week. A iniciativa do British Fashion Council, pela primeira vez, reuniu as principais marcas e designers britânicas em uma única semana.
A estilista Katharine Hammett, primeira vencedora do prêmio Designer do Ano, esteve presente em um jantar com a então Primeira-Ministra, Margaret Thatcher em 1984. A Designer descumpriu o protocolo e permaneceu de casaco durante o evento, revelando a frase que dizia, “59% não querem mortes ou causar sofrimento”, assim que os fotógrafos começaram a disparar os flashes.
O ato foi um símbolo de protesto contra o programa de mísseis nucleares que estava sendo discutido na época. O gesto encapsulou o espírito rebelde e vanguardista que sempre caracterizou a moda londrina.
Mas, foi nos anos 90 que a cidade realmente virou sinônimo de cool, com a geração ‘Cool Britannia’ – Stella McCartney e Matthew Williamson vestiram as it-girls Kate Moss e Naomi Campbell. Agora, aos desfiles mais icônicos dessas últimas 4 décadas:
5. Simone Rocha Primavera 2021:

Os acabamentos impecáveis, misturando construção de peças clássicas de forma romântica, implementando laços, babados e volume femininos, com uma pitada de BDSM, mostram exatamente o coração da designer. Simone Rocha chegou ao nosso top 5 por sua excelência em transformar roupas em peças em obras de arte.
Desfiles como o de primavera verão 2021 foram essenciais para estabelecer o nome da designer como potência londrina. Mas o que difere esse desfile em específico?
Em entrevista para a revista Another, Rocha diz “[Minhas principais referências eram] a forma feminina, o corpo. Eu estava olhando para um trabalho de Richard Prince e Bettie Kline… Isso então me levou à ideia da forma e do corpo e como eles também eram retratados historicamente”. Com maestria a designer trabalha com detalhes, transformando tudo que toca em ouro, ou pedrarias para ser mais específico.
4. JW ANDERSON Primavera 2024 ready to wear:

Jw Anderson tem um senso lúdico desenfreado, mas ter uma coleção inteira apenas dedicada a memórias de infância com massinha, foi Inovador. Inspirado pelas brincadeiras do início de sua vida, o designer foi atrás de seu brinquedo preferido da época, um tipo de argila de brincar, inventada por William Harbutt em 1897 para criar sua coleção.
O Andreson mencionou à Vogue Runway como revisitar sua criança interior, como voltar às suas origens.
3. Richard Quinn’s Outono 2018:

A coleção de 2018 foi sua estreia na London Fashion Week e o apresentou ao mundo como um designer ousado e inovador. A coleção aconteceu em colaboração com a artista britânica Imogen Taylor, que criou estampas florais únicas.
Estampas tradicionais ganharam um novo sentido e contexto em suas peças, juntamente com sua essência underground britânica. Formas, volumes exagerados e caimentos diferentes fizeram a coleção se tornar instantaneamente reconhecível.
Com toques de feminilidade, como o exagero de padronagens florais, capacetes de moto e balaclavas, Quinn estabeleceu sua estreia de sucesso. Consolidando assim, seu nome como design vanguardista e irreverente na semana de moda Londrina.

2. Vivienne Westwood Inverno 1993:


Em 1993, Vivienne Westwood nos presenteou com um desfile que transcendeu as passarelas e se tornou um marco na história da moda. A coleção “Anglomania”, embora não tenha sido oficialmente apresentada na Semana de Moda de Londres, contou com o crucial apoio do British Fashion Council, impulsionando ainda mais o sucesso da designer que já era queridinha da cultura punk britânica.
A passarela explodiu em volumes exuberantes, silhuetas maximalistas e o inconfundível xadrez que se tornou uma das assinaturas da marca. A designer mesclou elementos de diversas épocas, como o Renascimento e os anos 50, criando um universo fashion único e memorável.
Mas foi um momento inesperado que transformou o desfile em um dos mais comentados da época: o tombo da então jovem modelo Naomi Campbell. Com um salto de 23 centímetros, a top caiu durante a apresentação. Em um momento que poderia ter sido uma tragédia, mas que se tornou uma das mais icônicas da moda.
A Westwood, com sua visão provocativa e irreverente, transformou um possível desastre em um momento de pura autenticidade.
- Alexander McQueen primavera 2010 Ready-to-Wear:

A visão pós-apocalíptica de Mcqueen onde seres humanos teriam sido obrigados a se adaptar juntamente com animais marinhos para sobreviver em um mundo devastado, é perturbadoramente elegante como apenas esse gênio conseguiria ser.
Ao olhar para os desfiles do designer, sempre conseguimos identificar seu DNA característico e a aplicabilidade de suas obras de alta costura. Modelos perfeitamente simétricos na passarela se misturaram com formas orgânicas imitando uma calota polar derretendo, tornando tudo ainda mais teatral.
A mistura biológica de mulheres com mamíferos marinhos, se mostra presente em cortes volumosos com penas e escamas de calças e jaquetas. Mas, o que difere o desfile, é a inovação de uma mente muito à frente do seu tempo.
Além de colocar braços robóticos filmando toda apresentação e transmitindo em tempo real para internet, McQueen materializou estampas geradas por computador, antes mesmo da era da inteligência artificial. Sem contar nos sapatos, queridinhos da Lady Gaga em vários tapetes vermelhos, futuristas nos quais as modelos quase andavam trêmulas nas pontas dos pés.


A subcultura, a política e a rebeldia sempre foram marcas registradas da capital britânica. E a moda, como expressão máxima da cultura, não poderia deixar de refletir essa identidade. Ao longo de suas quatro décadas, a LFW tem sido palco de desfiles que desafiaram os padrões, celebraram a diversidade e influenciaram gerações de designers e fashionistas.

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