Com Sophia Coccetrone

Foto: Reprodução/Vogue Runaway

Ann Demeulemeester e Yohji Yamamoto se destacam com o obscuro nessa temporada de moda em Paris. Rei Kawakubo com Comme des Garçons e Junya Watanabe, por sua vez, trabalharam suas criações explorando a materialidade e suas possíveis formas.

Aproveitando a pegada do Goticismo com muito preto e tons neutros, que misturam, ao mesmo tempo, o índigo do jeans e o vermelho do vampirismo. Roupas de estilo clássico misturadas com o casual, modelos com expressões faciais vazias ou sérias, androginia e trilha sonora melancólica.

Não se afastando de suas propostas vanguardistas, e se mantendo fiéis ao conceito de roupas que não são apenas roupas, mas sim identidades. Esses estilistas mesclam o incomum, o obscuro, a estranheza e a sensibilidade da forma mais poética e detalhista possível.

Foto: Reprodução/@anndemeulameester
Foto: Reprodução/@yohjiyamamotoofficial


Foto: Reprodução/@commedesgarcons


Foto: Reprodução/@junyawatanabe


Siga nessa odisseia fashionista para entender qual a identidade única de cada um desses criadores que representam a cena de moda em Paris.

Foto: Reprodução/Instagram


Yohji Yamamoto é um estilista japonês nascido em Tóquio em 1943, se formou como designer na Faculdade de Moda de Bunka, com influência de sua mãe costureira; Começou a carreira de estilista com a marca feminina Y.

A presença forte do preto em suas composições possuem um significado muito além da estética. É um símbolo, inspirado pela mãe que usava muito a cor em memória de luto ao seu marido que faleceu sendo soldado de guerra. 

Com looks all-black, roupas largas ao mesmo tempo que inspiradas na alfaiataria clássica, roupas masculinas para mulheres, grandes sobretudos e sobreposições e um ar misterioso.

Juntamente com  Rei Kawakubo (Comme des Garçons) criou um movimento chamado The Karasu-Zoku (em japonês: A tribo dos corvos), grupo de designers que andavam em bando com suas roupas completamente escuras, semelhante a corvos com suas famílias.

Foto: Reprodução/Pinterest

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Não demorou muito para Yohji Yamamoto começar a ter influência para além da Ásia e chegar até a capital da França. O fato foi uma virada de chave para a moda europeia, que foi rapidamente inundada pelas ideias dos Karasu-Zoku, e não à toa, os mesmos estão na Paris Fashion Week até hoje, mantendo seus legados.

Foto: Reprodução/Vogue


Nascida na Bélgica, em 1959, é formada na Academia de Belas Artes da Antuérpia.  Ann Demeulemeester lançou sua marca homônima em 1985 e já em 1986 sendo parte dos Antwerp Six, grupo de estilistas belgas (Dries Van Noten incluso) que juntaram suas criações em um caminhão no ano de 1986 em direção à Londres, com o objetivo de buscar destaque para a Bélgica no mundo fashion

A Influência pelos movimentos punk e gótico é clara em suas roupas, além de trabalhar com muitas franjas, couro, botinas e coturnos. É válido destacar suas peças oversized e muitos tecidos rasgados e/ou com imagem de desgaste. Em 2014, Ann anunciou sua saída de sua marca, Apesar disso, a grife nunca deixou de lado o espírito de Ann e mantém sua identidade visual. Hoje, a marca conta com a direção-criativa de Stefano Gallici.

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Fundadora e diretora criativa da Comme Des Garçons, Rei Kawakubo É famosa por seu estilo inovador e vanguardista. Kawakubo desafiou as normas tradicionais de beleza e silhueta, incorporando formas assimétricas e conceitos surrealistas e também góticos em suas coleções na “Comme de Garçons”. Seu trabalho trouxe uma nova perspectiva sobre a relação entre vestuário e arte. 

Um de seus desfiles mais memoráveis foi o de primavera/verão de 97 “Lumps & Bumps”. A coleção é caracterizada por silhuetas volumosas e assimétricas que criam formas irregulares no corpo. 

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Kawakubo explorou temas de desconforto e desfiguração, desafiando a ideia convencional de beleza e feminilidade na moda. Essa coleção é frequentemente vista como uma reflexão sobre identidade e a relação entre corpo e vestuário, e foi o que consolidou a marca como destaque na moda francesa.

Foto: Reprodução/The New York Times


Ex-aluno de Rei Kawakubo, Junya Watanabe  É conhecido por sua marca homônima e por suas inovações envolvendo silhueta e estrutura (influenciado por sua mentora). Watanabe também é famoso por suas técnicas de drapeado e uso de tecidos não convencionais, criando peças que misturam elegância e funcionalidade. 

Seu impacto na moda inclui a fusão de elementos tecnológicos e artesanais, influenciando a estética contemporânea e desafiando o tradicional. É  um dos principais representantes da moda japonesa no cenário global e é sempre um dos desfiles mais esperados na semana de moda em Paris.

Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

O tema “Dark” nas coleções de Junya Watanabe geralmente contempla um uso mais sombrio de cores, texturas e conceitos. Em desfiles como o de outono/inverno de 2014, ele explorou uma estética gótica, utilizando camadas, materiais pesados e uma paleta de cores escuras, além de elementos como sobreposições e detalhes estruturais que evocam uma sensação de mistério e inquietação. 

As coleções mais sombrias de Watanabe, muitas vezes questionam a dualidade entre beleza e desconforto, trazendo para o questionamento até onde a beleza pode também ser dor. O ponto em comum entre Ann Demeulemeester, Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo e Junya Watanabe é a busca por uma estética avant-garde que desafia as normas tradicionais da moda.

Foto: Reprodução/Instagram
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