
Baseado nos livros de Scott Westerfeld, Feios chegou em 2024 na Netflix. Com o protagonismo de Joey King (A Barraca do Beijo), o filme nos leva a uma distopia onde jovens que completam 16 anos passam por uma transformação para se tornarem “Bonitos”. Eles podem escolher a cor dos olhos, cabelo, remodelar lábios e eliminar cicatrizes, tudo para se encaixar em um padrão de beleza uniforme e, assim, viver em uma cidade luxuosa, cheia de festas e prazeres.
A história de Feios começa quando Peris (Chase Stokes), o melhor amigo de Tally, a protagonista, deixa a cidade dos “Feios” para fazer sua cirurgia de embelezamento. Com a ausência de Peris, Tally se aproxima de Shay (Brianne Tju), uma garota que questiona se realmente quer passar pelo mesmo procedimento. Tally, por outro lado, está ansiosa para se tornar bonita e seguir o que acredita ser o caminho para uma vida ideal.
A escola onde os “Feios” vivem até os 16 anos é futurística, com muros altos, carros voadores, hologramas e espelhos interativos que permitem aos alunos verem como ficariam após a cirurgia. Essa tecnologia faz parte de um sistema que prepara mentalmente os jovens para a transformação. No entanto, existe um grupo rebelde conhecido como “Fumaça”, composto por jovens que se recusam a seguir as normas da sociedade e fogem antes de se submeterem à cirurgia. Eles preferem viver como são, sem intervenções artificiais.

A direção de arte do filme captura com precisão o contraste entre os dois mundos: de um lado, o mundo dos “Bonitos”, com luxo, glamour e cores vibrantes. Do outro, a vida na Fumaça, onde as pessoas vivem em harmonia com a natureza, caçando, cozinhando sua própria comida e rejeitando as superficialidades.
Embora o filme tente criticar a obsessão atual com a perfeição e os padrões irreais de beleza, o ritmo rápido deixa a desejar. A profundidade dos personagens é minimamente explorada, e as motivações parecem superficiais. Cada personagem parece seguir o que é imposto, sem uma verdadeira exploração de suas essências.
No final, Feios nos lembra que o conceito de “feio” é apenas uma construção social, e que, muitas vezes, o que consideramos imperfeito é simplesmente natural. A crítica à harmonização facial e à pressão por influência nas redes sociais é relevante, mas o desenvolvimento apressado impede que essa mensagem seja totalmente absorvida.

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