Talvez você nunca tenha parado pra pensar no verdadeiro papel do design gráfico, além daquela definição básica que o Google dá: “criar composições visuais para comunicar ideias”. Você sabia que vai muito além disso?

O design gráfico tem o poder de transformar ideias em visualidades, juntando estética e funcionalidade. Ele organiza pensamentos sem imagem e transforma em algo visual, não é incrível? E isso muda a forma como a gente enxerga e interage com o mundo. Parece papo acadêmico? Talvez, mas entender isso ajuda a sacar a força obra a seguir.

América Invertida, 1943 – Joaquín Torres Garcia (Uruguai, 1874-1949)

O famoso América Invertida (1943), de Torres Garcia, deixa clara sua visão de uma América Latina autônoma, livre da dependência do “norte”. O conceito? Criar um diálogo entre a arte construtiva universal e o saber ancestral latino-americano. O pesadelo dos colonizadores, né?

Você pode não conhecer esse nome, mas Joaquín Torres Garcia, o cara sério da foto aí embaixo, já trabalhou com Gaudí em Barcelona e expôs lado a lado com Picasso e Mondrian em Nova York. Depois de todo esse rolê, em 1934, ele voltou ao Uruguai pra focar nas suas raízes latinas.

Torres Garcia buscava uma nova linguagem artística para a América Latina, inspirada na arte pré-colombiana / FOTO: Reprodução O Globo

Em 1935, Torres Garcia lança o manifesto “Escuela del Sur”, onde a ilustração apareceu pela primeira vez, na capa. Ele propôs que a América Latina virasse o jogo, rompendo com a visão centrada no norte, resgatando suas raízes indígenas e o grafismo único de sua arte. A ideia? Criar um novo diálogo entre o design global e o conhecimento artesanal, valorizando o legado latino sem depender das regras impostas de fora.

Capa da edição de 1958 da Escuela del Sur, Montevidéu

Tenho dito Escola do Sul porque, na realidade, nosso norte é o Sul (…) Por isso agora colocamos o mapa ao contrário, e então já temos uma justa ideia de nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta da América, desde já, prolongando-se, aponta insistentemente para o Sul, nosso norte” Da vontade, não dá? o vovozinho decolonial tinha uma retórica inspiradora!

O conceito de América Invertida borrou as fronteiras do design e da arte, trazendo tons de um discurso político e subversivo que influencia a produção artística latino americana até os dias de hoje, desde as artes visuais até a moda. Não há como medir ou precisar, apenas sentir o impacto do Sul lá em cima.

Dayana Molina, designer e estilista indígena que trabalha o conceito de moda decolonial “O mercado é preguiçoso, mas conto histórias que o Brasil não conhece” / Foto: Reprodução/Instagram @yamacronico

Como latinos, é nosso papel inverter algumas coisas para ver como elas reagem! O design gráfico pode ser a ferramenta perfeita para essa virada para o Sul, moldando novas perspectivas e desafiando o status quo, seja no design, nas artes visuais, na moda ou na vida. É uma atitude. Soy loco por ti, América!

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