Se você é, ou foi, um jovem rebelde, desajustado, se você se sentiu estranho ou mal compreendido, ou até se só era um tanto melancólico e (por que não?), levou um pé na bunda, você já ouviu Radiohead. É uma questão de matemática simples. Mesmo que tenha sido indiretamente, você sabe cantarolar pelo menos uma música.

Thom Yorke cantando Creep (dá até pra ouvir a música tocando) / Divulgação Photo

Além da banda britânica de rock alternativo ter um som experimental cheio de melanias e dissonâncias, seus álbuns e encartes sempre foram peças únicas – inclusive ganharam um Grammy de Melhor Pacote de Gravação por Amnesiac (2002).

O impacto visual das artes gráficas e capas dos álbuns tem nome. Na verdade, dois nomes. Stanley Donwood, artista visual, e do próprio Thom Yorke, o vocalista – este, trabalhando mais como provocador. Pra você ter ideia, Donwood foi o responsável por todas as artes da banda desde 1994.

“The Bends” (1995). Para a capa Stanley Donwood filmou um manequim de primeiros socorros com uma câmera antiga que tinha uma fita. A capa foi um hit junto com o álbum / Divulgação Vinyl Vault

The Bends foi um disco que aprofundou o som dos caras, explorando temas mais complexos e introspectivos, afirmando a identidade musical que estavam buscando. Mas, é impossível dissociar as capas e produtos visuais na construção disso, pois eles, de certa forma, também afirmavam a identidade estranha e intrigante da banda.

O premiado Amnesiac (2001) seguiu um processo de capa bem diferente. / Divulgação Wikipédia

“Eu queria que fosse como algo que foi encontrado. Eu tinha essa ideia de que há uma casa vazia e você sobe as escadas empoeiradas sem um tapete, vai para o sótão e há uma cômoda velha e surrada, e dentro há uma caixa e dentro há o livro” – comenta Stanley Donwood sobre o processo criativo da capa de Amnesiac.

O lendário In Rainbows (2007) foi concebido ao mesmo tempo. Donwood e a banda fizeram todo trabalho juntos no estúdio. Um dando pitaco no outro.

Em In Rainbows, Donwood foi além e usou água-forte, ácido e cera pra criar imagens que pareciam fotos da NASA. Ele começou explorando a vida nos subúrbios, mas percebeu que não combinava com o som do álbum. A capa acabou ficando super colorida, com um visual tipo arco-íris tóxico de poça d’água. O Radiohead segurou a arte pro lançamento físico, que ainda trouxe um livreto com mais criações insanas de Donwood, expandindo o interesse pelas músicas e pelo design.

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