A psicodelia é uma viagem. O dicionário vai nos dizer que essa palavrinha mágica significa aquele mergulho profundo na mente que transforma a forma como enxergamos o mundo ao nosso redor. A palavra, que vem do grego – psique (alma) + delein (manifestação) – é tipo uma expressão da alma em seu estado mais vibrante e intenso. É o universo da criatividade sem limites, onde a consciência se expande e tudo ganha um novo significado. Que forte, né? 

Paprika, Satoshi Kon, 2006 – um filme onde um aparelhinho revolucionário permite que os terapeutas mergulhem nos sonhos dos pacientes para ajudá-los a superar seus desafios mais profundos. Psicodelia pura. Divulgação/Sony Pictures Entertainment Japan

Se você é um viajante pelos mares do inconsciente, com certeza já ouviu falar do diretor de cinema japonês Satoshi Kon, conhecido por filmes de animação como Perfect Blue e Paprika – que inspirou o diretor estadunidense Darren Aronofsky. Alô Cisne Negro! Mas você sabe quem foi uma das inspirações o Satoshi Kon e de toda uma leva de artistas japoneses? Tudo começou na década de 60, na Renascença do Design com um cara chamado Keiichi Tanaami.

Keiichi Tanaami – New York Times

Esse vovozinho psicodélico foi um verdadeiro camaleão criativo, um artista visual que desafiava rótulos e transformava qualquer ideia numa viagem profunda. Formado pela Universidade de Arte Musashino (tipo uma FAAP no Brasil), ele começou sua jornada na década de 60 imerso na cena neodadaísta do Japão, mas logo se rendeu às cores vibrantes da cultura psicodélica e da pop art.

série de pôsteres “No More War” (Chega de Guerra), 1967 / Acervo do Artista.

Perguntado sobre seu processo de criação, respondeu para a revista Blow Up, em 2001: “Acho que a criatividade não pode ser forçada ou fomentada simplesmente por meio de exercícios. Ela tem que vir naturalmente e depende de quanta energia podemos direcionar para nosso trabalho criativo.”

Animação ‘The Laughing Spider’ (A Aranha Risonha), 2016 / Acervo do Artista.

Seu talento e inquietação não tinha limites: cinema, serigrafia, pintura, escultura—ele dominou tudo. Suas obras exploravam desde a fusão entre arte e design até o diálogo entre produtos e arte, sempre refletindo sobre a beleza que permeia o cotidiano. Faleceu em 2024 deixando um legado de viagens intergalácticas e cores psicodélicas para alimentar os artistas viajantes cósmicos que vieram depois dele.

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